“A escola do futuro não é a que está a ser configurada agora”, alertam os signatários do manifesto “Uma escola para um Portugal com futuro”.
O objetivo, frisam, é o de levar à “participação ativa dos cidadãos e das estruturas da sociedade portuguesa interessadas em alterar a política educativa que tem vindo a ser prosseguida”. O manifesto é subscrito, entre outros, pelos professores universitários José Barata Moura e José Manuel Pureza, ex-líder parlamentar do Bloco de Esquerda, pelos escritores Mário de Carvalho e Lídia Jorge, pelo compositor Fausto e a atriz Rita Blanco, e pelos dirigentes das duas principais federações sindicais de docentes, Mário Nogueira e João Dias da Silva.
Sublinham os subscritores que as medidas do atual executivo “só podem redundar numa escola burocrática, despojada de uma verdadeira autonomia, diminuída no seu funcionamento democrático, seletiva, geradora de profunda instabilidade para os seus profissionais, empobrecida na sua oferta curricular e nos seus recursos humanos e financeiros”.
Alguns dos exemplos apontados: o aumento de alunos por turma, a redução do currículo às disciplinas fundamentais ou a diminuição de verbas para projetos de investigação.
“Tudo isto em nome de uma redução do orçamento para a Educação. Mas será que se tiveram em conta os elevados custos sociais e o preço a pagar no futuro?”, questionam.
A mudança, defendem, passa por garantir “uma escola capaz de preparar crianças e jovens para um futuro incerto e exigente”. Só assim será possível “dotar o país de cidadãos apetrechados com sólidas capacidades de reflexão, de intervenção e participação solidária”, acrescentam.
Os signatários lembram ainda que estudos internacionais têm confirmado que, apesar de alguns progressos nos últimos anos, Portugal continua a ser um dos países que revelam “maior fragilidade” no que respeita à garantia da equidade na educação, uma situação que, alertam, poderá agravar-se com o encaminhamento precoce de alunos para modalidades de formação profissionalizantes. Esta opção levará a que se retome um “modelo de escola correspondente a uma sociedade dividida, hierarquizada, que reforça e legitima as diferenças de origem social e cultural das crianças”.