Ao aproximar-se dos 50 anos, o australiano Tom Denniss era sócio de uma pioneira empresa na área da energia das ondas, tinha dois filhos quase “criados” e visitara 60 países. Fã de desporto, trocara os sprints pelas maratonas. “Percebi que as longas distâncias me davam prazer. E não se pode ir mais longe do que dar a volta ao mundo”, dizia à VISÃO, por telefone, enquanto corria pelas ruas de Alvega, Abrantes, a meio da sua passagem de uma semana por Portugal. Levou um mês a matutar na ideia e dois anos a preparar-se para a aventura da sua vida: percorrer os quatro cantos do globo, em passo de corrida.
O plano obedece a rigorosos critérios, como o de viajar sempre para Leste, pisar o solo de quatro continentes e registar em GPS cada uma das suas passadas, num total de 26 mil quilómetros. Pelo caminho, apela à doação à Oxfam, uma ONG que luta contra a pobreza. Até agora, Tom conseguiu angariar cerca de 14 mil euros – o seu objetivo é chegar aos cem mil dólares.
Carmel, mulher de Tom e professora, pediu uma licença sem vencimento e acompanha-o de carro, tirando fotografias e tratando da parte logística, como o alojamento ou a marcação dos voos para os percursos aéreos. “Sem ela não seria capaz”, admite Tom Denniss, que partiu do Teatro Opera de Sydney a 31 de dezembro de 2011, para uma viagem contada dia a dia em http://www.tomsnextstep.com/.
Desde então, a sua rotina, exceto nos dias em que apanha um avião, tem sido enfrentar a estrada pelas nove da manhã e só parar por volta das quatro da tarde, 50 quilómetros depois.
À noite, atualiza o blogue, insere as estatísticas de viagem e responde aos e-mails. A firma de soluções digitais Next Digital e a sua própria empresa Oceanlinx são os patrocinadores oficiais da iniciativa, mas suportam apenas um quarto do orçamento geral, que ronda os 120 mil euros, entre voos, aluguer de carros, alojamento e alimentação.
No fim da corrida, previsto para daqui a sete meses, Tom será a segunda pessoa a dar a volta ao mundo nestas condições. “Nada se compara a esta forma de viajar”, diz. “Podemos ver o campo num ritmo mais lento, ouvir, cheirar e tocar nas coisas.” Em Portugal, apreciou a comida e a arquitetura das aldeias por onde passou. “Já está na lista dos melhores sítios”, anunciou. Com 60% do caminho percorrido, “o maior desafio, agora, é a parte psicológica”, admite. Mas há de concluir a ousadia, apostamos nós.
50 km
Distância média que Tom Denniss percorre, por dia
SOLAS GASTAS
Tom já estragou 12 pares de sapatos de corrida. A sua média é de 2 mil quilómetros por par.
À BEIRA DO COLAPSO
Nos EUA, sob um calor de mais de 40 graus, Tom sobreviveu à custa das toalhas ensopadas em gelo que a mulher lhe ia dando, a cada cinco minutos. Também fazia paragens, enfiando-se no carro, com o ar condicionado no máximo, para conseguir baixar a temperatura corporal e não colapsar.
SUOR SOLIDÁRIO
Tom tem, igualmente, como objetivo angariar fundos para a Oxfam – o objetivo é conseguir cem mil dólares – , uma ONG internacional que luta contra a fome e a pobreza no Planeta.