Não é fácil chegar a consensos, principalmente quando sabemos o quão acutilante é o espírito crítico dos vimaranenses. Desde que Guimarães assumiu o título de Capital Europeia da Cultura (CEC), em 2012, a passagem de uma cidade de mero acolhimento para um território de criação, nos diferentes domínios (artes performativas, visuais e tradicionais), está em curso. “Uns entendem que podíamos ter dado passos mais significativos, mas a transformação de Guimarães numa cidade habitada por criadores, com mecanismos de apoio à produção, está consolidada”, defende o vereador da Cultura, Paulo Lopes Silva. “Houve, sobretudo, um crescimento imaterial, uma ambição e uma exigência maior”, acrescenta Rui Torrinha, diretor artístico do Centro Cultural Vila Flor.
O forte envolvimento da comunidade foi decisivo para que houvesse “um legado absorvido por todos. Isso vê-se em projetos que ficaram, como o coro Outra Voz”, aponta Paulo Lopes Silva. Já Torrinha assinala “o vínculo emocional e a valorização crescente das artes e da cultura por parte da população. Hoje, temos salas esgotadas, com uma programação de grande intensidade a que o público vai respondendo”, pensada pelas estruturas municipais, mas também pelo tecido associativo. Nos últimos anos, este foi fortalecido por entidades independentes como o CAAA, a Revolve ou a Ó da Casa, que acrescentaram outros capítulos à agenda cultural da cidade.