É bom ir com algum tempo disponível até esta Fronteira da Paz. O aspeto exterior deste museu instalado, desde 2017, num antigo anexo da bela estação ferroviária de Vilar Formoso é enganador. Lá dentro, podemos perder-nos durante quase duas horas. Num circuito sinuoso, recordam-se episódios do tempo em que aquela fronteira entre Espanha e Portugal era vista como uma grande esperança real na vida de milhares de judeus que fugiam da perseguição nazi na Europa (muitos deles com vistos carimbados em Bordéus pelo cônsul Aristides de Sousa Mendes). Não faltam uma completa contextualização histórica e vários testemunhos em vídeo (vindos da USC Shoah Foundation, fundada por Steven Spielberg em 1994) de pessoas marcadas, para sempre, por esta “fronteira da paz”. Imagens de época mostram um inusitado movimento de carros europeus de vários países naquela pequena localidade raiana nos anos 40 e populares que, pelas janelas dos comboios, davam sopa e pão aos refugiados em fuga.
Este espaço integra-se numa onda mais ampla de musealização e recuperação das tradições judaicas portuguesas (Belmonte tem sido um epicentro desse movimento, mas podem também visitar-se judiarias em Castelo de Vide e Tomar, por exemplo), centrada na associação Rede de Judiarias de Portugal – Rotas de Sefarad, que tem atraído visitantes de todo o mundo.