Duas assistentes sociais que trabalhavam no Centro Ismaili perderam a vida, na manhã desta terça-feira, num ataque protagonizado por um cidadão afegão. A viver em Portugal há aproximadamente um ano, o homem identificado como Abdul Bashir, refugiado, com quase 40 anos, estava presente numa aula de português, que decorria naquele local, com cerca de 16 pessoas, quando, sem aviso, atacou com uma faca de grandes dimensões o professor – que se encontra hospitalizado em estado grave – e matou duas assistentes sociais portuguesas, Mariana Jadaugy e Farana Sadrudin, com 24 e 49 anos, respetivamente.
Segundo as primeiras informações, recolhidas no local, Abdul Bashir era viúvo. A sua mulher morreu em circunstâncias por apurar, na Grécia, pouco depois de a família ter chegado à Europa. Com estatuto de refugiado em Portugal, vivia em Odivelas há aproximadamente um ano, com os seus três filhos menores, mas quem com ele convivia admite que não estava feliz no país, e desejava fixar-se na Alemanha.
O ataque no Centro Ismaili só foi travado quando PSP chegou ao local. Em comunicado enviado às redações, a PSP explicou que os agentes envolvidos na operação tiveram de disparar, “atingindo e neutralizando o agressor”. “O atacante foi socorrido e conduzido a unidade hospitalar, encontrando-se vivo, detido e sob a nossa custódia”, lê-se na nota.
Entretanto, elementos da Unidade Especial de Polícia (UEP) criaram um perímetro de segurança, naquela zona das Laranjeiras, que se manteve durante toda a tarde, ao mesmo tempo que a Polícia Judiciária (PJ) efetuou as primeiras diligências no interior do Centro. Luís Neves, diretor nacional da PJ, acompanhou os desenvolvimentos na primeira pessoa. Também uma equipa de psicólogos do INEM se deslocou ao local para prestar assistência às pessoas que se encontravam dentro do Centro Ismaili aquando do ataque e aos familiares das vítimas.
Numa primeira reação, à SIC, o líder da comunidade ismaelita, Nazim Ahmad, confirmou que “o agressor é afegão e que as vítimas mortais do ataque são mulheres de nacionalidade portuguesa”, com idades na casa dos 20 e 40 anos.
Também numa reação a “quente”, logo após o ataque, Mohamed Iqbal, presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa, contou, à VISÃO, que soube dos acontecimentos “quando estava numa reunião”, deslocando-se de imediato ao local para prestar a sua “solidariedade a toda a comunidade Islâmica de Lisboa e de Portugal”.
“Lamento muito o que aconteceu, quero deixar uma palavra de pesar às familias das vítimas”, afirmou, dizendo que, agora, “é hora de aguardar que a investigação esclareça tudo o que aconteceu”, concluiu.