O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Luís Filipe Simões, está a acompanhar presencialmente as buscas no edifício do Grupo Impala, no âmbito da “Operação Última Edição” da Polícia Judiciária, que levou à detenção do empresário Jacques Rodrigues. De acordo com o Estatuto do Jornalista, as buscas a órgãos de comunicação social só podem ser ordenadas por um juiz de instrução e devem ser acompanhadas por um representante da “organização sindical dos jornalistas com maior representatividade”.
O histórico patrão dos media Jacques Rodrigues – dono de publicações como a “Nova Gente”, “Maria” e “Tv7 Dias” – e o seu filho, Jacques Gil Rodrigues, foram, esta quinta feira, detidos pela Polícia Judiciária. Segundo informações recolhidas pela VISÃO, a investigação em causa, que teve início com uma queixa-crime apresentada por um ex-trabalhador do Grupo Impala no DIAP de Sintra, diz respeito a suspeitas de burla qualificada, insolvência dolosa e corrupção no âmbito de processos de falência ligados a várias sociedades do Grupo Impala.
A Judiciária deteve ainda um advogado, um revisor oficial de contas e um administrador de insolvência, suspeitos de terem auxiliado o plano do dono do Grupo Impala, que nos últimos anos sobreviveu a vários processos de insolvência. A investigação terá apurado que Jacques Rodrigues desviou património das empresas para a esfera da sua família, prejudicando, assim, os diversos credores da empresas do Grupo Impala. Só aos trabalhadores, terá ficado a dever mais de 38 milhões de euros.
Em comunicado, a Polícia Judiciária adiantou que nesta investigação – baptizada como “Última Edição” – está em causa “um plano criminoso traçado para, entre o mais, ocultar a dissipação de património, através da adulteração de elementos contabilísticos de diversas empresas, em claro prejuízo de diversos credores, os trabalhadores, fornecedores e o Estado, estando reconhecidos créditos num valor total de cerca” de 100 milhões de euros.
“Acresce a forte indiciação do desvio de valores com origem nas estruturas societárias, para fora do território nacional, num montante global que ascenderá a largas dezenas de milhares de euros”, continuou a PJ no comunicado.
Os detidos pela Unidade Nacional Contra a Corrupção (UNCC) serão presentes a um juiz de instrução do Tribunal de Sintra
