A 13 de março de 2013, Jorge Mario Bergoglio escolheu o nome Francisco para marcar o início da sua liderança na Igreja Católica. Desde esse dia, foram vários os momentos que marcaram a sua era como Papa, dando a sua opinião sobre vários assuntos que até à data eram, muitas vezes, menosprezados.
Recorde alguns momentos e frases que Francisco proferiu durante os últimos 10 anos:
“Não se pode fazer a guerra em nome da religião, de Deus: é uma blasfémia, é satânico”
Em 2016, o Papa negou que a guerra era justificada “em nome da religião”. “Não se pode fazer a guerra em nome da religião, de Deus: é uma blasfémia, é satânico”, declarou. Francisco afirmou, também, que são as “idolatrias” e não as religiões que provocam as guerras, destacando a “idolatria do dinheiro, das inimizades”. “Há uma idolatria da conquista do espaço, do domínio, que ataca as religiões como um vírus maligno. E a idolatria é uma falsa religião, é uma religião errada”.

“Devemos ser muito duros [com crimes de pedofilia praticados por alguns padres]! Com as crianças não se brinca”
Desde que surgiram relatos de crimes de violação de crianças por parte da Igreja, Francisco defendeu, várias vezes, que estes deviam ser identificados e penalizados. No ano passado, disse: “O abuso de homens e mulheres da Igreja — abuso de autoridade, abuso de poder e abuso sexual – é uma monstruosidade. Um sacerdote não pode continuar a ser sacerdote se é abusador. Não pode. Porque é doente ou um criminoso”.
Mas já o tinha feito antes, em 2016 e 2015: “Devemos ser muito duros [com crimes de pedofilia praticados por alguns padres]! Com as crianças não se brinca”; “Os crimes, os pecados dos abusos sexuais a menores [cometidos por membros da Igreja], não podem ser mantidos em segredo durante mais tempo”, afirmou, em dois momentos.


“Se uma pessoa é homossexual e procura Deus, quem sou eu para julgá-la?”
Numa viagem ao Brasil, em 2013, o Papa tocou num aspeto muitas vezes ignorado por outros cardeais. Na altura, disse: “Se uma pessoa é homossexual e procura Deus, quem sou eu para julgá-la?”. Mas a sua posição perante este tema ainda é um pouco rígida. Já este ano afirmo que “ser homossexual não é crime, mas é um pecado.”
A última declaração foi polémica, fazendo com que Francisco esclarecesse que se referia unicamente ao ensinamento moral católico da Igreja, que professa que qualquer ato sexual fora do casamento é pecado.
“Envolver-se na política é uma obrigação do cristão”
Durante uma audiência na Sala Paulo VI, no Vaticano, foi questionado ao líder da Igreja Católica qual o compromisso dos cidadãos na política “Envolver-se na política é uma obrigação para o cristão. Nós, cristãos, não podemos fazer-nos de Pilatos e lavar as mãos, não podemos! Devemos implicar-nos na política, porque a política é uma das formas mais elevadas da caridade, visto que procura o bem comum”, respondeu.
Foram várias as vezes em que deu o exemplo: a 24 de setembro de 2014, Francisco foi a Washington para uma sessão conjunta do Congresso, tornando-se o primeiro Papa a discursar numa reunião semelhante, onde estavam mais de 500 legisladores, juízes da Suprema Corte e altos funcionários do governo, incluindo Joe Biden.

“Não se pode rejeitar os refugiados e considerar-se cristão”
Foi durante um encontro de católicos e luteranos alemães, em 2017, que Francisco condenou a “hipocrisia” dos cristãos, que não dão tréguas aos refugiados. “É hipocrisia considerar-se cristão e perseguir um refugiado ou uma pessoa que procura ajuda, que está com fome ou sede. Se eu disser que sou cristão mas faço essas coisas…sou um hipócrita.”
“Não se pode ser cristão sem praticar as bem-aventuranças. Não se pode ser cristão sem fazer o que Jesus nos ensina em Mateus 25″, disse, fazendo referência ao mandamento que diz que os cristãos têm de ajudar os mais necessitados, alimentar os famintos, vestir o nu e acolher o estranho.

“Alguns pensam, e desculpem o termo, que para serem bons católicos devem ser como coelhos. E não é verdade. A parentalidade deve ser sinónimo de responsabilidade”
Numa viagem de regresso das Filipinas, em 2015, onde se reuniu com crianças que viviam nas ruas do país, abandonadas por pais que não tinham dinheiro para cuidar delas, Francisco falou sobre a paternidade. “Alguns pensam, e desculpem o termo, que para serem bons católicos devem ser como coelhos. E não é verdade. A parentalidade deve ser sinónimo de responsabilidade.”
Francisco acrescentou que, para os mais pobres, uma criança era um tesouro, acrescentando que nenhuma instituição deve impor as suas opiniões sobre como devem ser as famílias.
“As mulheres são como os morangos num bolo, são sempre precisas mais”
Em 2014, Francisco fez uma comparação peculiar relativamente às mulheres: “As mulheres são como os morangos num bolo, são sempre precisos mais”, disse, numa intervenção perante os membros da Comissão Teológica Internacional, em que o número de mulheres aumentou ligeiramente nos últimos anos.
“A Igreja reconhece o contributo indispensável da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e capacidades particulares (…) Vejo com satisfação as numerosas mulheres que oferecem novos contributos à reflexão tecnológica”, acrescentou.

“Também a vós, sogras, digo-vos: cuidado com a língua, porque a língua é um dos pecados mais terríveis das sogras”
“Hoje em dia, a sogra é uma personagem mítica. Não digo que pensemos nelas como sendo o diabo, mas diz-se sempre que são más. Mas são a mãe do teu marido ou da tua mulher. São também elas mães, são mais velhas e uma das coisas mais bonitas para as avós é ver os seus netos. É verdade que por vezes são um pouco especiais, mas deram tudo da sua vida. Pelo menos façam-nas felizes, deixem que continuem a sua velhice com felicidade”, afirmou o Papa, em abril do ano passado, numa audiência geral.
Além disso, deixou um recado: “Também a vós, sogras, digo-vos: cuidado com a língua, porque a língua é um dos pecados mais terríveis das sogras, cuidado.”
“Devemos restabelecer esta ponte com vigor, nela há uma corrente de salvação, de felicidade”
Na mesma audicência, o Papa dirigiu-se ainda aos jovens, lembrando a importância de se estabelecer os laços entre os mais novos e os mais velhos. “Por favor, que os jovens falem com os avós, que os jovens falem com os idosos, que os idosos falem com os jovens. Devemos restabelecer esta ponte com vigor, nela há uma corrente de salvação, de felicidade. Que o Senhor nos ajude, fazendo isto, a crescer em harmonia nas famílias, aquela harmonia construtiva que vai dos idosos aos mais jovens, aquela ponte positiva que devemos preservar e conservar.”
