Um novo estudo, realizado por investigadores da Universidade de Missouri, EUA, dá conta de que milhões de ratos em Nova Iorque, EUA, podem ter sido infetados com Covid-19. De acordo com a equipa, vivem, nesta cidade norte-americana, aproximadamente oito milhões de ratos.
A equipa do estudo, publicado no jornal mBio, da Sociedade Americana de Microbiologia, e revisto pelos pares, descobriu que estes animais mostraram ser vulneráveis a várias variantes do vírus, desde o original à Ómicron, identificada nos finais de 2021 (a Organização Mundial da Saúde (OMS) continua a considerar esta variante como preocupante, incluindo as subvariantes BA.1, BA.2, BA.3, BA.4 e BA.5 e as formas recombinantes da BA.1 e da BA.2, como a XE, ao contrário do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças).
Além disso, os investigadores perceberam que estes ratos demonstraram ser suscetíveis a altos níveis de infeção, tanto nas vias aéreas superiores como nas inferiores.
Para o desenvolvimento do estudo, a equipa realizou duas operações de captura de ratos em locais próximos dos sistemas de esgoto da cidade, nomeadamente em Brooklyn, entre setembro e novembro de 2021. Depois de examinar amostras de 79 ratos, os investigadores deram conta que 13 deles, ou seja, 16,5%, tinham Covid-19. Aumentando a escala para a população total de ratos estimada em Nova Iorque, significa que mais de 1,3 milhão de ratos podiam estar infetados com o vírus.
A equipa acredita, agora, ser essencial determinar se estes animais podem ser infetados em grande escala, com o objetivo de perceberem como o vírus evolui. “Até onde sabemos, este é um dos primeiros estudos a mostrar que as variantes do SARS-CoV-2 podem causar infeções nas populações de ratos numa grande área urbana dos EUA”, afirma, citado pela Sky News, o autor principal do estudo, Henry Wan, especialista em doenças infecciosas emergentes.
“As nossas descobertas destacam a necessidade de insistir na monitorização do SARS-CoV-2 em populações de ratos para determinar se o vírus está a circular nos animais e a evoluir para novas variantes que podem representar um risco para os seres humanos”, acrescenta.
Depois de, em 2021, um relatório da OMS ter concluído ser provável “que o coronavírus tenha sido transmitido de morcegos para humanos, foram relatados vários casos de transmissão de humano para animal, inclusivamente em animais de estimação.
Uma investigação portuguesa de fevereiro do ano, que examinou dados recolhidos entre dezembro de 2020 a maio de 2021 de 148 cães e 69 gatos inseridos em ambientes familiares e 20 cães alojados em canis, concluiu que cães e gatos podem ficar infetados com Covid-19, especialmente através do contacto humano. Contudo, não encontraram evidências de que os animais domésticos transmitam o vírus de volta.
Investigações anteriores também alertaram para o facto de que, à medida que a transmissão do vírus vai diminuindo na sociedade, a infeção entre animais pode tornar-se uma forma de o vírus voltar a ser introduzido de forma intensa em humanos.
No entanto, as origens zoonóticas, ou seja, de animal para humano, do vírus têm sido questionadas depois de, na última semana, em declarações à Fox News, Christopher Wray, diretor do FBI, ter referido que “as origens da pandemia são muito provavelmente um incidente do laboratório de Wuhan”, na China, uma convicção que não é consensual entre os serviços de informação internacional, nem mesmo entre os americanos, e, muito menos, entre a comunidade científica.
“Vou só dizer que o Governo chinês, parece-me, tem estado a dar o seu melhor para frustar e ofuscar o trabalho… e isso é mau para todos”, lamentou o responsável.