Aos 71 anos, Luís Portela recebeu o prémio Excelência na Liderança, uma distinção de carreira atribuída pela revista Exame. Na cerimónia, o médico e gestor, já retirado, há dois anos, da direção executiva da Bial – a empresa familiar que recebeu em mãos quando tinha apenas 27 anos e que transformou, sob a sua orientação, numa grande farmacêutica europeia com presença em 58 países –, confessa que se fosse apenas gestor, e não também médico, provavelmente não teria investido tanto na investigação de medicamentos sem ter retornos mais rápidos. Na cerimónia de entrega do galardão falou de liderança, estratégia, propósito e ainda de espiritualidade.
Um homem com o seu percurso, que construiu um grupo farmacêutico internacional e uma das mais inovadoras empresas nacionais, diz que nunca se sentiu um gestor acabado, mas sempre um gestor em construção, um aprendiz de gestor. Porquê?
Sempre me senti assim. Licenciei-me em Medicina, preparei-me para trabalhar no Hospital de São João, no Porto, e para dar aulas. O meu sonho de vida era fazer um doutoramento em Cambridge. Quando se deu o acaso de ter de largar a carreira académica para me dedicar à empresa, a primeira coisa que senti foi que não tinha formação de base para a gestão. Sentia que tinha de me desdobrar, no dia a dia, e procurar aprender o mais possível. E isso foi acontecendo ao longo da minha vida. Mas sinto que a vida é isso mesmo – um aprendizado constante, e não é só na gestão.