Joseph Goebbels, ministro da propaganda na Alemanha nazi, adorou a ideia de transportar a tocha olímpica desde a cidade grega de Olímpia até Berlim. Afinal, os arianos não eram mais do que os legítimos herdeiros dos antigos gregos, na conceção do regime liderado por Adolf Hitler. Se o plano para os Jogos Olímpicos de 1936 era mostrar ao mundo a supremacia física e mental da raça ariana, que melhor início de festa do que estabelecer uma ligação direta a esses gloriosos antepassados da civilização grega?
E assim a tocha percorreu de mão em mão, pela primeira vez na história, o trajeto a partir do local de origem dos Jogos Olímpicos da Antiguidade até à cidade organizadora da competição na era moderna. Só que, em vez de simbolizar a paz e a amizade entre os povos, como agora acontece, a estafeta até Berlim serviu de veículo para disseminar os ideais nazis. Ironicamente, a chama olímpica atravessou Grécia, Bulgária, Jugoslávia, Hungria, Áustria e Checoslováquia, países que acabariam ocupados pelo eixo nazi ainda antes ou durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Tão ou mais insólito: a tocha fora produzida pela Krupp, a siderúrgica alemã responsável pelo fabrico de armas para levar a cabo as invasões.