A frase mágica pareceu ter caído do céu, quando ela dialogava com a sua psicóloga: “Tenho, então, de ser mais flexível.” Depois fez uma pausa e perguntou à terapeuta: “Isso é bom, não é?” Recorda S., profissional de comunicação, que “nem sequer conseguia perceber se seria bom ser flexível – era uma dúvida que tinha”.
Antes de decidir recorrer à psicoterapia, o vincado traço da sua personalidade perfecionista fazia com que não se apercebesse de que estava a trilhar um caminho perigoso para a sua saúde mental. Trabalhava 12 a 14 horas por dia. “Houve fases quase obsessivas – o relatório para um cliente tinha de estar perfeito, revia-o várias vezes, em busca de erros ou de gralhas”, lembra S., hoje com 45 anos. Quando já tinha um filho, “chegava a começar a fazer sopa à meia-noite, era uma loucura”, conta.