Um nova investigação, publicada no PLOS Biology e desenvolvida por investigadores da Universidade da Califórnia, sugere que dormir pouco pode fazer com que uma pessoa se torne mais egoísta, antissocial e insensível aos problemas dos outros. A equipa realizou três experiências com o objetivo de analisar o efeito da privação do sono na atividade neural e no tipo de comportamento que beneficia os outros.
No primeiro teste, os cientistas serviram-se da ressonância magnética para observar a atividade cerebral de 24 pessoas após oito horas de sono e após uma noite sem dormir. Os resultados evidenciam uma redução de 78% de vontade de ajudar os outros durante as interações do dia-a-dia quando existe privação de sono.
Na segunda experiência, a investigação avaliou o sono de 136 indivíduos em quatro noites. A equipa descobriu que a qualidade do sono era mais importante do que a quantidade quando se trata de avaliar a tendência para um comportamento egoísta, com base nas respostas a questionários e registo diário de sono preenchidos pelos participantes.
Por último, o estudo contou com uma base de dados de 3 milhões de doações para caridade entre 2001 e 2016, a fim de perceber se o altruísmo é afetado pela falta de sono. De acordo com o estudo, bastou apenas uma hora de perda de sono, causada pela transição para a hora de verão, para influenciar a escolha de ajudar outra pessoa. “Quando as pessoas perdem uma hora de sono, há um claro impacto na nossa bondade humana inata e na nossa motivação para ajudar pessoas necessitadas”, explicam os mentores do estudo.
“A falta de sono prejudicou o desejo de ajudar os outros, independentemente de terem sido solicitados a ajudar estranhos ou conhecidos. Ou seja, a perda de sono desencadeia um comportamento antissocial e anti-ajuda de impacto amplo e indiscriminado”, concluem.