Nélida Alves Gerreiro, de 40 anos, e Sidney Pereira Martins, de 42, já são considerados os “Bonnie & Clyde” portugueses. Nos últimos dias têm sido notícia em Portugal e Espanha, mas a rota de crimes iniciou-se em julho.
Os assaltos: julho e agosto
Em Portugal, Nélida e Sidney são responsáveis por, pelo menos, cinco roubos à mão armada, nomeadamente em postos de combustível. Existe ainda uma possível ligação dos dois a um triplo homicídio em Bragança, ainda que não haja confirmação oficial das autoridades portuguesas.
Os dois portugueses são suspeitos de, em conjunto, terem assaltado estações de serviço no Algarve, no final de julho, antes de atravessarem a fronteira e prosseguirem uma cadeia de assaltos violentos em Sevilha, Badajoz e Toledo, usando o mesmo método: intimidando os funcionários com uma arma e uma faca. Em alguns casos, existem relatos de que o casal tenha sequestrado os funcionários.
A Guardia Civil espanhola havia solicitado na última semana a colaboração dos cidadãos através das redes sociais. Na altura, divulgou as imagens dos dois suspeitos captadas por câmaras de videovigilância de uma estação de serviço e pediu ajuda para os localizar. Segundo a mesma publicação nas redes sociais, a Guardia Civil suspeitava que o casal, considerado perigoso pelas autoridades, estava em território espanhol e alertou que estaria armado.
A captura: 13 de Agosto
A dupla foi reconhecida por um casal enquanto jantava num restaurante de um centro comercial, em Zamora, pelas 22h30 de sábado, dia 13 de agosto. Os cidadãos reconheceram o carro vermelho que o casal usava – uma viatura espanhola com matrícula falsa portuguesa -, e entrou no restaurante para verificar a identidade dos assaltantes. Depois de o casal comunicar às autoridades o paradeiro dos criminosos, a Guardia Civil alertou de imediato a Polícia Nacional que tem colaborado ativamente com a Polícia Judiciária.
Mais recentemente, já depois de o casal ter sido detido, a Guardia Civil publicou um novo tweet sobre os dois portugueses: “Graças à colaboração dos cidadãos, as duas pessoas procuradas foram detidas em Zamora. Muito obrigado pela vossa ajuda!”.
A pena
Os suspeitos foram ouvidos pelo juiz do Tribunal Central de Instrução, Joaquín Gadea, que decretou prisão preventiva para ambos os detidos. Contudo, o casal, que parecia coeso em todas as suas decisões, discordou pela primeira vez: a mulher opôs-se à entrega às autoridades portuguesas, ao contrário do que aconteceu com o companheiro.
“A fim de ser julgada pelo tribunal requerente, tendo em conta as circunstâncias do caso e da pessoa requerida, destacam-se: a recusa da pessoa requerida em consentir a entrega (que teria determinado a disponibilização imediata à autoridade judicial emissora), demonstrando a sua vontade de se subtrair ao controlo da referida autoridade”, lê-se no despacho proferido pelo juiz Joaquin Gadea relativo Nélida Alves Guerreiro.
Por outro lado, em relação a Sidney Pereira Martins, o magistrado registou que, “tendo em conta as circunstâncias do caso e da pessoa requerida, cabe destacar o consentimento da pessoa procurada para a entrega (o que obriga a assegurar a entrega rápida e efetiva à autoridade judicial emissora)”. O despacho referente a Sidney refere apenas “roubo com intimidação”, já o de Nélida inclui mais crimes como “roubo, coação agravada, danos, falsificação de documentos, posse de arma proibida e condução perigosa”.