Parar. Respirar. Observar o mundo à sua volta. Esvaziar a mente. Estes são apenas alguns dos métodos para que comece a aprender a arte da contemplação, a arte de estar parado, inativo, só a não fazer nada. Pode parecer uma prática inútil e até uma perda de tempo. Mas pode ser suficiente para se sentir melhor, mais criativo e até mais aberto para a resolução de problemas.
Quem o diz é um grupo de investigadores que, tendo como fundamento estudos anteriores que já comprovavam a eficácia esta prática, decidiram analisar o comportamento de 259 pessoas. No documento que publicaram no Journal of Experimental Psychology, os especialistas contam que queriam perceber porque é que, apesar de sermos os únicos animais com esta capacidade de estar parado e a pensar, nunca tomamos partido dela, desvalorizando-a.
“Nós tendemos a pensar que ‘apenas pensar’ ou ‘apenas esperar’ é chato”, refere Kou Murayama, co-autor do estudo e investigador principal do Motivation Science Lab da Universidade de Tübingen, na Alemanha.
A equipa analisou estudantes universitários do Japão e do Reino Unido, perguntando-lhes até que ponto eles gostariam de estar sozinhos e apenas pensar durante 20 minutos. Os indivíduos não foram autorizados a ler, andar, ver as redes sociais, enviar mensagens a amigos ou qualquer outro passatempo comum.
De acordo com os resultados, todos admitiram que o prazer em deixar as suas mentes fluir naturalmente era muito maior do que esperavam. O mesmo aconteceu quando lhes pediram para ficar numa sala de conferências vazia, quando ficaram dentro de uma tenda escura ou sentados durante vários períodos de tempo. Os envolvidos não reportaram, no entanto, achar que este tempo foi extraordinariamente “divertido”. Apenas foi mais agradável do que pensaram que seria no início do estudo.
Os investigadores chegaram, assim, à conclusão, através de questionários e declarações que obtiveram ao longo e após as experiências, de que a contemplação pode ajudar na resolução de problemas, aumentar a criatividade, aprimorar a imaginação e contribuir para um maior sentido de autoestima.
Um outro grupo, de controlo, teve acesso a dispositivos digitais e permissão para ler as notícias online. Inicialmente, a expectativa era de que os diapositivos ganhassem a batalha, até porque este grupo estava menos entusiasmados do que o grupo “rival”. No entanto, ambos obtiveram igual prazer: “Esses resultados na era da inundação da informação em que vivemos são de particular importância”, disse Murayama.
“No mundo digital moderno, é tão fácil ‘matar o tempo’ quando há tempo livre”, acrescenta Murayama, “Mas pode ser uma boa ideia mergulhar no pensamento profundo em tal situação.”