Um novo estudo, levado a cabo por investigadores da Universidade Hebraica de Jerusalém, descobriu uma forma de ajudar as pessoas a evitarem que um pensamento ou uma emoção indesejada regresse às suas mentes. Trata-se de reconhecer o pensamento e depois alterar o foco, direcionando-o para outro lado.
“Todos nós conhecemos a experiência de tentar parar de pensar em coisas indesejadas ou que nos distraem. Uma canção, um objeto ou uma palavra em particular podem lembrar-nos de uma memória dolorosa sobre a qual preferimos não pensar”, refere Isaac Fradkin, um dos autores do estudo e investigador da Universidade Hebraica de Jerusalém, citado pelo Today.
No entanto, estar consciente das tentativas de abstração implica termos a consciência do pensamento. Como pergunta de partida, os autores questionaram-se: “Podemos evitar que um pensamento indesejado chegue à mente, à semelhança de como podemos evitar praticar uma ação indesejada?”.
Para responder à questão, foi feita uma experiência com 80 voluntários, em que estes realizaram a tarefa de criar associações livres com 60 palavras que apareciam no computador. Por exemplo, se a palavra apresentada fosse “mesa”, os voluntários poderiam escrever “cadeira”.
Cada uma das 60 palavras foi apresentada 5 vezes, numa ordem aleatória, para que os indivíduos conseguissem pensar em mais do que uma palavra de associação. Os 80 voluntários foram divididos em dois grupos e metade deles foi avisado de que se pudesse evitar repetir a mesma palavra associada, receberia um bónus. Os outros 40 foram informados a continuarem a escrever a mesma palavra que lhes tinha ocorrido.
“Neste contexto, as associações repetidas – ou seja, pensar em “cadeira” ao ver a palavra “mesa” pela segunda vez e assim por diante – são pensamentos indesejados”, explica Fradkin. O objetivo é fazer com que o participante não se distraia e crie uma nova associação, para evitar o pensamento indesejado.
A investigação concluiu que “o efeito de autorreforço é reduzido quando as pessoas estão motivadas a evitar memórias ou pensamentos. Este tipo de controlo pode ser descrito como proativo, porque faz com que o pensamento indesejado não venha à mente em primeiro lugar”.
Embora as pessoas estejam destinadas a experimentar um pensamento indesejado antes de o poderem parar, os investigadores sugerem que parar um pensamento depois de ele aparecer também impede que ele volte imediatamente à mente. Além disso, esta descoberta realça o facto de que a previsibilidade parece ser muito mais difícil de determinar para associações livres, porque o número de opções é muito maior e muda entre pessoas. Os resultados indicam que uma associação só é suficientemente previsível se ocorrer apenas um momento antes.
“O desafio é aceitar o facto de que os pensamentos indesejados podem ocasionalmente (ou mesmo frequentemente) vir à mente”, confessa Fradkin. “O nosso estudo tem uma implicação importante e otimista. O nosso cérebro tem a capacidade natural de impedir que pensamentos indesejados se transformem numa espiral. Assim, saber simplesmente que um determinado pensamento é indesejável para os nossos objetivos, pode ser suficiente para garantir que mesmo quando temos esse pensamento, ele não aumenta tanto como poderia ter aumentado”, acrescenta.