Num previsível ambiente metaleiro, com muita emoção e explosões à mistura, memorável para quem assistiu aos vários concertos que aí decorreram. Quase único em Portugal com as características que o define, o VOA reúne uma grande variedade linguística e musical de bandas de topo de heavy, tharsh e black metal assim como rock e punk rock, dos vários cantos do mundo.
Como sempre, valeu a pena chegar cedinho para assistir ao espetáculo dos portugueses Bizarra Locomotiva. A jogar em casa, com muita experiência de concertos ao vivo, tiveram a honra, ou antes, a dura tarefa de serem os primeiros subir ao palco, perante a pouca, mas já impaciente assistência. Abriram caminho para o que aí vinha a seguir.
São uma banda portuguesa de metal industrial, com alguma influência ’’Rammsteiniana’’ ou será apenas uma mera coincidência… Pelo menos a postura em palco, de Rui Sidónio, fundador da banda assim o faz lembrar, embora ele o negue. Formados em 1993, têm feito as suas muitas aparições ao longo do seu percurso, Coliseu, Festa do Avante etc. Ultimamente a banda está mais ativa do que nunca.
Sem tempo a perder, nem o fôlego, apareceram os ”Kvelertak” (Estrangulamento), uma banda de heavy metal (Hardcore punk) natural de Stavanger, Noruega.
Uns sons poderosos provocaram grande exaltação e ‘moches’. Ainda desconhecidos para a maior parte do público, apesar das letras impercetíveis, pelo menos para a audiência portuguesa, conseguiram cativar as atenções, principalmente quando tocaram temas do álbum de estreia e de referência da banda ‘Homónimo’ que foi lançado em 2010 com vendas locais assinaláveis.
Passados quase 30 anos após a primeira atuação em Portugal a 14 de fevereiro de 1993, seguiram-se os ”Kreator”. Hipersónicos, a banda alemã de tharsh metal, liderada por Mille Petrozza (de ascendência italiana) fez estalar o palco, com um som bruto e semi-cru, e sem piedade para ouvidos mais sensíveis, mas com o ”tempero” desejado .
Muito mais refinados comparando com o início da banda, mas dentro do seu estilo tharsh puro, deram uma hora de um concerto que deixoua sua marca no festival.
Sem pestanejar, Dave Mustaine, da banda norte-americana ”Megadeth”, sempre na sua, apesar de lutar contra um cancro na garganta, e alguns concertos cancelados, presenteou a legião de fãs com o melhor da vasta coleção de temas da sua vintena de álbuns editados desde a sua formação, após o abandono dos Metallica. Com um alinhamento de difícil escolha dada a quantidade de hits e uma atuação super profissional. Feliz a hora em abril de 2015, que o brasileiro Kiko Loureiro (ex Angra) integrou a banda. Outrora considerado o melhor guitarrista do mundo, (encaixe perfeito no conjunto).
Seriam os últimos a pisar o palco, os franceses ”Gojira”. Bem ritmados e com uma batida forte também provaram ser uma banda que requer atenções redobradas para as novas produções que têm surgido nos últimos tempos. Joe Duplantier é sem margem para dúvidas o líder máximo da banda, voz, guitarra e compositor. Talvez a banda mais madura e de top francesa, apesar do seu ”agressivo” estilo musical, contrasta com o conteúdo das letras que tendem passar mensagens de apelo à preservação do planeta.
Mais dois dias deste singular festival nos esperam, grande expectativa para vermos a atuação dos ”Mastodon”, (EUA), os ingleses ”Phil Campbell and the Bastard Sons” (Motorhead), os portugueses ”Gaerea”, convidados de última hora em ascensão meteórica, e os japoneses ”Crossfaith” que fazem lembrar ”limp bizkit” versão metalcore, os ”Alien Weaponry” que são uma banda de thrash metal de Waipu, vindos da Nova Zelândia, formados originalmente em Auckland em 2010 pelos irmãos Henry e Lewis de Jong. O trio é completo pelo baixista Tūranga Morgan-Edmonds. Todos eles têm ancestrais Māori e várias de suas canções são escritas em Te Reo Māori.
Para o último dia, o metal sinfónico representado pela voz feminina de Simone Simons compositora da banda holandesa ”Epica’ oriundos da cidade de Reuver, os Londrinos The Raven Age, os polacos ”Me and That Man”, um projeto curioso de dark Folk country e Blues gótico.
Os vegetarianos defensores de animais e antidrogas ”Rise Against”, banda americana de punk rock/hardcore de Chicago e, claro a incrível banda vinda da suécia, ”Sabaton’,’ com o o seu material bélico em palco (muito a propósito para os tempos que vivemos), serão naturalmente um fecho em grande do festival VOA 2022.