João, de apenas 18 anos, é o jovem estudante que, ontem, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ), suspeito de estar a preparar uma “ação terrorista” – como lhe chamou, em comunicado, a própria PJ –, prevista para esta sexta-feira, que teria como objetivo atacar e matar o maior número possível de colegas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).
Descrito por fontes ligadas à investigação como “discreto e introvertido”, João é natural da pequena aldeia de Lapa Furada, com cerca de 300 habitantes, localizada na freguesia de São Mamede, Batalha, mas residia (sozinho) no bairro dos Olivais, em Lisboa, cidade onde frequentava o curso de Engenharia Informática (depois de ter concluído o ensino secundário na Batalha).

Nas redes sociais, identifica-se como João Real, partilhava o gosto pelos computadores e, principalmente, pelo universo Anime, expressão que, habitualmente, está conotada com a animação oriunda da cultura popular do Japão.
A operação que levou à detenção de João teve origem num alerta dos norte-americanos do FBI, que assinalaram o nickname do português, considerado um “fanático” por conteúdos violentos, que assistia regularmente na dark web, particularmente massacres a estabelecimentos de ensino, normalmente ocorridos nos Estados Unidos da América – e que, aparentemente, desejava replicar em Portugal.
Recebido o alerta, a PJ, através da Unidade Nacional Contraterrorismo (UNCT), colocou-se no terreno, conseguindo, em contra-relógio, identificar, localizar e deter o suspeito na sua residência em Lisboa.

Segundo a PJ, na sequência das buscas realizadas “seriam apreendidos vastos elementos de prova, que confirmariam as suspeitas iniciais”. O suspeito teria na sua posse armas, como uma besta, dardos, armas brancas e ainda botijas e gasolina, que serviriam para provocar explosões; não foi, no entanto, encontrada qualquer arma de fogo. Para além destes utensílios, a polícia ainda encontrou folhas A4 que continham um plano escrito e detalhado sobre o eventual ataque na FCUL – que, entretanto, concluída a operação, anunciou que decidiu manter o “funcionamento da faculdade” previsto para hoje (e que prevê a realização de exames).
Pelo que foi possivel apurar, João era um rapaz solitário e tímido, que costumava andar sozinho, tanto na Lapa Furada como em Lisboa. A CMTV adiantou, logo na quinta-feira, que João seria mesmo alvo de bullying por parte de colegas. As autoridades estarão mesmo a considerar a posibilidade deste ataque ter sido pensado como uma “vingança” contra os colegas.
João passou a última noite numa cela da zona prisional anexa à PJ de Lisboa, estando indiciado pela prática do crime de terrorismo.
João fica em prisão preventiva no EPL. Juíza aceitou indiciação por terrorismo
Entretanto, a juíza do Tribunal Central de Instrução Criminal decidiu aplicar ao arguido a medida de coação de prisão preventiva, após considerar que existia o perigo de continuidade de atividade criminosa e que também estaria em causa a perturbação da tranquilidade pública.
O tribunal validou a indiciação de terrorismo e por posse de arma proibida, acompanhando a PJ e o Ministério Público (MP). João deverá ser transferido, ainda hoje, para uma nova morada: o Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL).
Notícia atualizada, às 14h00, com a informação da aplicação da medida de coação.