O juiz distrital de Nova Iorque, Lewis Kaplan, recusou o pedido do príncipe André para que fosse arquivado o caso de agressão sexual de que é acusado por Virginia Giuffre, no âmbito do caso Jeffrey Epstein. Assim, o duque de Iorque terá mesmo que ir a tribunal ainda este ano.
O filho da rainha Isabel II está a ser processado por Giuffre, que afirma que este a forçou a ter relações sexuais com ele quando tinha 17 anos, há mais de vinte. Virginia Giuffre alega ter sido traficada por Jeffrey Epstein para ter relações com o príncipe André – que alegadamente a forçou em pelo menos três ocasiões, na casa da socialite e ex-namorada de Epstein, Ghislaine Maxwell – já condenada no âmbito do mesmo caso -, numa mansão e numa ilha particular pertencentes a Epstein.
O príncipe tem, até agora, negado todas as acusações de que é alvo, e talvez esperasse ver-se livre do caso devido a um acordo assinado por Giuffre em 2009. O documento, tornado público na semana passada, um dia antes de uma audiência decisiva relativa ao caso, refere que a atual advogada terá recebido 500 mil dólares, mais de 400 mil euros, para desistir do caso, descrevendo também que “qualquer outra pessoa ou entidade que pudesse ser caracterizada como potencial arguido” ficaria protegida, não sendo acusada por Giuffre.
Contudo, o acordo não fala, em momento algum, do príncipe André, mas apenas de Epstein, que se suicidou na prisão em agosto de 2019, e todas as pessoas a ele ligadas, pelo que o documento não liberta o filho de Isabel II automaticamente do processo. De acordo com um dos advogados de Giuffre, David Boies, o documento é “irrelevante para a acusação contra o príncipe André”, já que não o menciona em momento algum.
Os advogados do duque tinham pedido que o processo fosse arquivado, argumentando que Giuffre tinha renunciado ao seu direito de o processar quando assinou o acordo em questão. No entanto, a decisão final do juiz foi a de recusar-se a arquivar o caso, depois de ouvir os argumentos de ambas as partes. Prevê-se que o príncipe vá enfrentar um julgamento entre setembro e dezembro deste ano.
Na sua decisão, Kaplan escreveu que “a queixa de Virginia Giuffre não é ‘ininteligível’, nem ‘vaga’ ou ‘ambígua'”, e que “alega incidentes discretos de abuso sexual em circunstâncias particulares, em três locais identificáveis”.
Giuffre procura uma indemnização por danos não especificados, mas tem-se especulado que a quantia pode estar na ordem dos milhões de dólares – além de deixar uma grande marca na reputação do príncipe André e restante família real britânica.
O príncipe está há dois anos afastado das funções públicas devido ao “grande transtorno” que – nas palavras do próprio – a sua relação com Epstein causou à família real.
Esta decisão chega depois de Ghislaine Maxwell ter sido considerada culpada, no mês passado, de aliciar raparigas menores de idade para serem abusadas sexualmente pelo seu ex-namorado Jeffrey Epstein.