Jens Haaning, um conhecido artista dinamarquês, recebeu 75 mil euros do Museu Kunsten de Arte Moderna para exibir dois quadros na exposição que ali começou na passada sexa-feira, 24. Qual não foi o espanto dos responsáveis quando destaparam a encomenda e depararam com dois quadros em branco.
“O trabalho é que lhes tirei o dinheiro”, assumiu o artista, de 56 anos, a uma rádio dinamarquesa, citada pelo The Guardian. “Não é roubo. É uma quebra de contrato, e a quebra de contrato faz parte do trabalho”, argumentou Haaning.
O artista diz que este seu comportamento traduz a sua insatisfação pelos baixos honorários que lhe propuseram. “Encorajo outras pessoas que tenham condições de trabalho tão miseráveis como as minhas a fazer o mesmo. Se tiverem um trabalho de merda como o meu e não vos pagarem, e na verdade estiverem a pedir-vos para pagar para trabalhar, então agarrem no que puderem e saltem fora”, atirou Jens Haaning.
Escusado será dizer que os responsáveis do museu reagiram com indignação. Além de terem recebido os quadros em branco – que optaram por incluir na exposição -, sentem-se lesados em 75 mil euros e estabeleceram o dia 16 de janeiro como data limite para a verba lhes ser devolvida na íntegra. Caso contrário, garantem que vão processar Haaning.
O artista tinha aceitado recriar para a exposição, centrada na relação entre trabalho e arte, duas obras que havia criado alguns anos antes com dinheiro em notas. Mas quando chegou a altura de desempacotaram os quadros, além da surpresa de estarem em branco, ainda tiveram direito a um bilhete com o nome, bem sugestivo, da nova criação artística: Take the Money and Run (Pega no Dinheiro e Foge).