“Os sifakas eram animais muito crédulos e, desde que estivessem lá em cima nos ramos e que nós não fizéssemos movimentos abruptos, conseguíamos aproximar-nos bastante sem eles fugirem. Filmámo-los dia após dia. Eles dormiam e passavam a maior parte da manhã nas florestas de Didierea, lá em cima, nos caules ondulantes, a banhar-se ao sol e a comer. Nas horas mais quentes do dia, desciam para um nível mais baixo dos ramos, onde davam menos nas vistas, e adormeciam refastelados nas posições mais improváveis e aparentemente perigosas.” A passagem tem assinatura de Sir David Attenborough e imaginá-la narrada na sua potente e melodiosa voz tem outro encanto.
O parágrafo em questão versa sobre uma das espécies de lémures com que o apresentador de televisão e o seu operador de câmara se cruzaram na ilha de Madagáscar, na década de 60, e faz parte da segunda grande expedição zoológica reunida em Viagens ao Outro Lado do Mundo – Mais Aventuras de Um Jovem Naturalista, editado, este mês, em português pela Temas e Debates. O livro reúne três grandes viagens, da Nova Guiné às Ilhas do Pacífico, de Madagáscar ao Território do Norte da Austrália, num registo de grande reportagem e de relato observacional da existência das espécies autóctones desses lugares recônditos, bem como de busca pelos hábitos, ritos e vivências dos povos locais.
