Os jovens no Reino Unido estão a falsificar testes rápidos à Covid-19 para faltarem às aulas. A forma de fazê-lo tornou-se viral na rede social TikTok, e apenas é preciso sumo de laranja ou de limão. Para além dos cítricos, também é possível ver resultados positivos com outras bebidas, como por exemplo coca-cola.
Os vídeos começaram a ser publicados na plataforma com o #fakecovidtest, que, entretanto, já foi bloqueado por violar as diretrizes do TikTok. Ao jornal inglês Metro um porta-voz da plataforma afirmou: “As diretrizes da nossa comunidade tornam claro que removemos conteúdo que inclui informações enganadoras que causem danos, incluindo informações médicas incorretas relacionada com a Covid-19 e desinformação anti-vacinação”. Ainda é possível, no entanto, encontrar vários vídeos que mostram como falsificar os resultados, surgindo uma nova tendência de testar tudo o que se possa imaginar, desde perfume, desodorizante ou até passar a zaragatoa em superfícies como o chão ou o metro.
Ao contrário do que possa pensar, não são os frutos em si que estão infetados com o vírus, mas, como explica uma organização independente de verificação de factos, a Full Fact, é a acidez ou o gás das bebidas que interfere no resultado, estragando o teste, e levando a que por vezes possa parecer que está a indicar um resultado “positivo”. A organização esclarece que é raro os testes rápidos indicarem um falso positivo quando usados como indicado.
A falsificação de testes como forma de faltar às aulas começou a ser reportada na semana passada, com pais e professores a falarem aos meios de comunicação do Reino Unido. Ao The Guardian um professor afirmou que foram os seus alunos que lhe mostraram como era possível alterar os resultados com sumo de laranja. “Disseram que era uma ótima forma de ficar duas semanas fora da escola”, conta.
Já ao I, um jornal britânico, um pai explicou como o filho estava em isolamento profilático depois de uma colega ter falsificado o teste. “Disse-me que ela [a colega] tinha falsificado [o teste] e que o tinha visto no TikTok, que havia muitos vídeos de como fazê-lo. Como ela queria fingir o resultado [positivo] como uma forma de ficar longe da escola, isso significou que cerca de 10 dos seus amigos mais próximos receberam ordem de ficar em casa”, explicou.
Os testes rápidos são realizados em casa, sem a assistência de um profissional de saúde, pelo que, ao serem falsificados, leva a uma série de consequências. Todo o agregado familiar terá de fazer isolamento profilático, tal como os contactos de risco, quer seja na escola ou noutra “bolha” em que o jovem se encontre inserido, até ter a confirmação do resultado, com a realização de um teste PCR. Assim, mesmo que se prove que o teste rápido tinha sido falsificado, até que se faça e receba o resultado do teste PCR todos estes contactos terão de ficar em isolamento.
É por este motivo que a brincadeira tem sido criticada por especialistas, como é o caso de Jon Deeks, professor de bioestatística na Universidade de Birmingham. “Os falsos positivos não afetam apenas a criança, mas a sua família e a sua ‘bolha’ na escola, então [é algo] bastante egoísta de se fazer. Há formas menos prejudiciais de falsificar uma desculpa para faltar à escola”, disse ao The Guardian.
Geoff Barton, Secretário Geral da Associação de Líderes Escolares e Universitários, em entrevista ao I, pede aos pais para que tenham atenção. “Pedimos aos pais que garantam que os testes não sejam mal utilizados e sugerimos aos alunos interessados em reações químicas que o melhor lugar para aprender sobres estas é nas aulas de química na escola”. Já quanto aos falsos positivos acrescenta: “Temos a certeza de que isto envolve uma pequena minoria de alunos, e que, como tal, a maioria dos testes são usados de forma correta.”
Os testes rápidos fazem parte do plano de desconfinamento começado pelo governo do Reino Unido em março, em que todos os agregados familiares, com crianças ou jovens na escola ou universidade recebem semanalmente dois testes rápidos por cada do agregado. Apesar de não ser obrigatória, a testagem é aconselhada.