No início, pensava-se que os apertos de mão estavam condenados, mas agora, com a vacinação em curso e uma melhor compreensão de como o vírus se comporta, há esperança de que não seja esse o caso. De acordo com a ciência, o perigo de contágio que o aperto de mão pode provocar tem a ver com a proximidade entre pessoas e não com o contacto físico em si. Mas será seguro apertar as mãos de toda a gente? E as pessoas, no geral, como se sentem em relação a isso?
Quando a sociedade arranjou alternativas aos apertos de mão e a outros tipos de cumprimentos físicos, com várias culturas a mostrar-nos como podem ser íntimos, mas sem haver aproximação, houve quem ficasse contente (por exemplo, as pessoas que, antes da chegada da Covid-19, já temiam outros vírus e micróbios). Quem fica ansioso quando pensa como vai cumprimentar os outros também saiu a ganhar com estas novas andanças. Por outro lado, houve quem simplesmente não tenha gostado destes “substitutos”, por sentir falta do toque humano, por exemplo. As opiniões variaram, no País e no estrangeiro.
O lado científico
Quando se fala de interações entre pessoas que não estão vacinadas, William Schaffner, especialista em doenças infeciosas e professor da Escola de Medicina da Universidade de Vanderbilt, Nashville, Tennessee, nos EUA, explica que o problema com o aperto de mão é a proximidade entre as pessoas e não o toque em si. “Acho que o risco real de apertar a mão é aproximarmo-nos de outra pessoa”, diz Schaffner, em entrevista à CNN. “Se se estiver a dar um aperto de mãos, geralmente está-se muito perto de alguém, pelo menos momentaneamente, e é provável que se fique perto dessa pessoa, numa conversa, por algum tempo”, continua.
Várias pesquisas têm concluído que o coronavírus pode mesmo sobreviver algum tempo tanto na pele como nas superfícies – apesar de haver já unanimidade entre a comunidade científica de que o principal meio de propagação é o ar -, mas uma boa higiene das mãos e uma correta desinfeção dos locais são ótimos passos para fazer com que os riscos de propagação do vírus sejam mitigados, não só o coronavírus.
Isto porque a pele carrega uma elevada quantidade de bactérias. Apesar de a maior parte delas não fazerem mal, algumas vezes essas bactérias são causadoras de problemas intestinais, constipações, infeções, como vaginite, por exemplo, e outras doenças. Os profissionais de saúde são os mais suscetíveis a transportarem esse tipo de bactérias. Por isso mesmo, foi publicado um estudo, em 2014, nos EUA, que apelava aos profissionais de saúde para deixarem de dar apertos de mão aos doentes, de forma a protegê-los de possíveis infeções.