A Grécia está a realizar testes com um “canhão de som”, para ser usado contra migrantes ilegais. O aparelho que integra os canhões é do tamanho de uma pequena televisão, mas emite um som tão alto como o de um motor de um jato. Novas tecnologias que fazem parte de um esforço da polícia da fronteira para modernizar as suas táticas contra tentativas ilegais de entrada nas fronteiras.
“A nossa missão é impedir que os migrantes entrem no país ilegalmente. Para o conseguir precisamos de equipamentos e ferramentas modernas”, explicou Dimosthenis Kamargios, major da polícia da fronteira na Grécia, à Associated Press.
A agência noticiosa avança que estas tecnologias fazem parte de novas barreiras físicas digitais. Estas têm vindo a ser testadas e instaladas, durante os “meses tranquilos” da pandemia de covid-19, nos 200 quilómetros da fronteira com a Turquia. O objetivo é impedir que os migrantes entrem na União Europeia sem documentos.
Para além dos “canhões de som” também estão a ser testadas câmaras, drones e inteligência artificial (AI, na sigla inglesa). As câmaras estão a ser instaladas nas torres de vigilância e têm visão noturna e múltiplos sensores. São estes sensores que irão enviar os dados recolhidos para centros de controlo para sinalizar movimentos suspeitos através da AI. A AI está também a ser utilizada em detetores de mentiras e em bots para realizar entrevistas virtuais. Serão usados dados de satélite das imagens dos drones tanto em terra, aéreos ou mesmo subaquáticos.
Também estão a ser testados identificadores biométricos, que através de caraterísticas especificas humanas, neste caso a palma das mãos, irão conseguir expor pessoas que se encontrem escondidas perto da fronteira. As câmaras que fazem uma reconstrução tecnológica, conseguem “eliminar” a folhagem quando filmam, isto é, mesmo que uma pessoa esteja escondida, atras de um arbusto ou de uma planta, esta tecnologia irá tornar possível que a pessoa seja detetada, quando filmar o sitio.
Nem todas as opções que estão a ser testadas serão incluídas no novo sistema de deteção. Para além da Grécia, os mesmos testes têm sido conduzidos na Hungria e Letónia e noutros países da Europa de Leste. Fazem parte de um investimento de 3 mil milhões de euros da União Europeia (UE) em pesquisas de tecnologia de segurança, realizados em várias universidades pela Europa. A iniciativa surge após a crise dos refugiados em 2015/2016, quando mais de 1 milhão de pessoas, muitos fugindo da Síria, Iraque e Afeganistão, tentaram entrar na Grécia e outros países na UE.
Estas medidas têm sido contestadas por grupos ativistas de defesa dos direitos humanos. “É profundamente preocupante que repetidamente os fundos da UE sejam despejados em tecnologias caras que são usadas de formas que criminalizam, experimentam e desumanizam as pessoas a fugir”, disse Ella Jakubowska, do grupo de Direitos Digitais da Europeus (EDRi na sigla em inglês), à Associated Press.
Para além destas medidas, foi também recentemente erguido um muro de aço entre a Grécia e a Turquia, ao longo do Maritsa, semelhante à construção existente na fronteira dos Estados Unidos com o México. Desde o mês passado que as tensões têm estado altas entre os dois países devido à problemática da devolução ilegal de migrantes, que têm levado a várias reações internacionais.