A braços com uma segunda vaga de Covid-19 devastadora, a Índia é o segundo país mais afetado do mundo, com quase 25 milhões de casos e cerca de 275 mil mortes desde o início da pandemia. Com o sistema de saúde a colapsar, há quem tente beneficiar do desespero. Vários são os esquemas e fraudes que surgem e envolvem medicamentos, camas de hospital, serviços funerários e… até o oxigénio.
Este esquema foi descoberto por uma instituição que doa botijas de oxigénio a doentes de Covid-19. Os voluntários fizeram queixa na polícia quando se depararam com uma empresa que vendia as “botijas” a cerca de 165 euros cada uma. A queixa tinha por base os elevados preços praticados, mas o que se descobriu foi bem pior: as “botijas” não era botijas, mas sim extintores de incêndio. “Este homem devia ser acusado de homicídio. Está a brincar com a vida das pessoas”, disse Mukesh Khanna, um dos voluntários, ao The New York Times.
Segundo o relatório da polícia foram encontrados mais de 530 dessas “botijas”. De todas as fraudes que têm surgido na Índia, esta pode ser uma das mais perigosas, já que os extintores podem explodir quando se tentar enchê-los com oxigénio de alta pressão. De acordo as autoridades, foram detidos três homens, que admitiram já ter vendido “muitas” destas “botijas”.
“Durante a investigação foi descoberto que o distribuidor, Ravi Sharma, estava a remover a tinta vermelha dos extintores e estava a convertê-los em botijas de oxigénio ao pintá-los de preto, com a ajuda de Abdul e Shah”, disse Shahdara Sathiyasundaram, comissário da polícia, ao India Today.
Ravi Sharma, 40, Mohammad Abdul, 38, e Shambhu Shah, 30, foram os três homens condenados que pertenciam à Varsha Engineering, que o The New York Times descreve como sendo essencialmente um “ferro-velho”. Antes da pandemia, a empresa já recolhia extintores vazios ou fora do prazo e vendia como sucata ou voltava a enchê-los para vender aos bombeiros, avança o India Today.
Segundo o The New York Times, no mês passado, a polícia de Nova Deli prendeu mais de 210 pessoas sob acusações de fraude, armazenamento ou conspiração, em crimes relacionados com a Covid-19. Muitos dos esquemas que têm surgido preendem-se com a especulação, como acontece na madeira, usada em crematórios, que aumentou 10 vezes o seu preço, de 6 euros para 58, ou nos medicamentos, muitas vezes fraudulentos, são vendidos por valores exorbitantes, que podem ultrapassar os mil euros. Outras fraudes mais macabras vão desde o roubo e venda de mortalhas funerárias usadas ou a venda de plasma sanguíneo doado por valores que chegam aos 823 euros a unidade.