Na segunda-feira, 10, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou a variante inicialmente identificada na Índia – a B.1.617 – como sendo “de preocupação”.
Este estatuto só é atribuído quando existe evidência científica de que as novas mutações podem tornar o vírus mais contagioso, aumentar a sua capacidade de provocar doença grave ou fortalecer a sua resistência à imunidade previamente adquirida, comparativamente com as outras variantes em circulação.
A B.1.617 é a quarta a merecer esta classificação, seguindo-se àquelas que foram inicialmente identificadas na África do Sul, no Brasil e no Reino Unido.
Sucedem-se investigações sobre o seu possível impacto na evolução da pandemia. Atualmente, ela já foi detetada em cerca de 40 países, incluindo Portugal.
Estas são algumas das questões para as quais os cientistas procuram respostas:
A variante identificada na Índia é a mais contagiosa?
À prestigiada revista científica Nature, o virologista da Universidade de Cambridge Ravindra Gupta afirmou que “é altamente provável que [esta variante] seja mais transmissível”.
A OMS admitiu, esta semana, que “estudos preliminares demonstram existir uma maior transmissibilidade” da B.1.617. Também o facto de esta variante estar a tornar-se a mais prevalente na Índia sugere que seja mais eficaz a disseminar-se do que as demais.
À prestigiada revista científica Nature, o virologista da Universidade de Cambridge Ravindra Gupta afirmou que “é altamente provável que [esta variante] seja mais transmissível”.
O jornal The Guardian revelou esta quinta-feira, 13, que alguns investigadores estão convictos de que a B.1.617 pode ser 60% mais contagiosa do que a B.1.1.7, originária do Reino Unido. Também uma equipa de cientistas do Imperial College London defende que uma das linhagens desta variante, a B.1.617.2, pode ser mais transmissível do que a britânica.
E consegue escapar às vacinas?
A comunidade científica está confiante de que as vacinas atuais são eficazes contra a B.1.617. No entanto, algumas das suas linhagens, como a B.1.617.1 e a B.1.617.2, podem ser parcialmente resistentes, sem invalidarem totalmente a eficácia da imunização.
Esta semana, a Agência Europeia do Medicamento (EMA) revelou que os dados preliminares sobre a eficácia das vacinas da Pfizer/BioNtech e da Moderna contra esta nova variante são “encorajadores” e está otimista quanto à possibilidade de o mesmo se verificar nos restantes fármacos autorizados.
A OMS concede que a eficácia das vacinas contra a B.1.617 possa ser menor, mas estará sempre garantido algum grau de proteção.
Apesar de terem sido registadas infeções em pessoas com a vacinação completa na Índia, a esmagadora maioria dos casos são assintomáticos ou de doença ligeira, sublinhou o virologista Shahid Jameel, do Indian SARS-CoV-2 Consortium on Genomics, ao jornal Financial Times.
A OMS concede que a eficácia das vacinas contra a B.1.617 possa ser menor, mas estará sempre garantido algum grau de proteção.
Já se sabe se provoca doença mais grave?
Um estudo publicado na plataforma bioRxiv, ainda sem revisão dos pares, mostra que hamsters infetados com esta variante sofreram inflamações pulmonares mais graves do que aqueles que tinham sido contagiados com a B.1 (inicialmente registada no Brasil). Contudo, será prematuro extrapolar este resultado para os seres humanos.
A Universidade de Cambridge, assim como o Public Health England, já vieram sublinhar que “não existe evidência de que cause doença mais severa”. O Reino Unido já ultrapassou a barreira das 500 infeções causadas pela variante identificada na Índia.
Quais as mutações mais problemáticas?
A B.1.617 tem mais de uma dúzia de mutações, mas algumas levantam maiores preocupações.
As E484Q e L452R podem tornar o vírus mais contagioso e, também, mais resistente às vacinas, já a P681R poderá ser a responsável pelo aumento da transmissibilidade.
A B.1.617.2, uma das linhagens da nova variante, tem uma mutação pouco conhecida, a T478K, que também poderá contribuir para uma maior capacidade de escapar aos anticorpos.