Os destinos da Madeira e Porto Santo podem bater, este ano, o recorde de turistas nacionais registado em agosto de 2020, segundo as previsões partilhadas pela Associação Portuguesa de Agentes de Viagem (APAVT) e da Associação de Promoção da Madeira (APM). Na base dessa confiança está, para Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, a “boa gestão da pandemia, no arquipélago, que oferece muita segurança ao consumidor”, e que será reforçada com a vacinação, até ao final de maio, de todos os 25 mil profissionais de turismo da região, como anunciou Eduardo Jesus, secretário regional da Cultura e Turismo e líder da APM, numa conferência de imprensa conjunta, no Funchal.
Para Eduardo Jesus, a região encontrou na Covid-19 “uma grande oportunidade” para introduzir medidas de proteção e segurança que, como salientou, “muito provavelmente vão ficar no território para além da pandemia”, dando como exemplo a elaboração de um manual de boas práticas para lidar com o risco de contágio, as operações de triagem nos aeroportos e a decisão, logo em março de 2020, de avançar para a certificação do destino contra os riscos biológicos, através de uma avaliação independente. O governante destacou ainda a recente criação de um corredor verde nos aeroportos do arquipélago, de forma a permitir aos passageiros vacinados, um acesso mais célere e livre ao território, sublinhando ainda que o Porto Santo pode ser considerado, já, um destino “livre de Covid” – um dos motivos, aliás, da crescente procura que a ilha está a registar, entre os consumidores portugueses, para o próximo verão.
Apesar da confiança e das boas perspetivas há, segundo Pedro Costa Ferreira, um “elefante na sala” dos operadores turísticos – um problema que pode ser identificado com apenas três letras: TAP. Para o dirigente da APAVT, a companhia aérea nacional tem revelado “inconsistência na operação”, uma “inflexibilidade tarifária brutal, ao contrário da sua concorrência, que provoca o afastamento dos grupos, do corporate ([empresas), bem como dos charters“, além de uma “completa falta de diálogo comercial” com os operadores turísticos, dando como exemplo a ausência total de resposta da TAP a todos os pedidos de cotação nos voos para a Madeira e o Porto Santo. Segundo explicou, foi essa falta de diálogo que levou a que os voos charters programados neste verão para o Porto Santo acabem por ser realizados em aviões da espanhola Ibéria.
Neste cenário, Costa Ferreira declarou que, durante a reunião mantida entre os principais operadores turísticos nacionais e o governo da Madeira, foi estudada a ideia de lançar uma operação charter conjunta para o arquipélago, como forma de contrariar as tarifas altas que a companhia aérea mantém para o arquipélago, em claro contraste com outros destinos, mais longínquos, que começou a promover. “Acabámos a reunião a pensar se não será necessário os operadores turísticos unirem-se e fazerem charters, como há 30 anos, de forma a proporcionarem aos turistas nacionais tarifas mais baixas para a Madeira do que aquelas que a TAP está a oferecer para Cancun”, sublinhou Pedro Costa Ferreira.
Eduardo Jesus também considera que os preços “mais baratos para ir a Cancun, no México, do que ir de Lisboa para a Madeira” são “incompreensíveis” e “inaceitáveis”, afirmando que a Madeira exige uma postura diferente à companhia aérea nacional. Até porque, como sublinhou, esta é “a linha mais rentável da TAP”, depois das ligações internacionais com a América Latina. “A Madeira não pode ser o mealheiro de uma companhia que depois precisa dos contribuintes nacionais para a manter viva”, afirmou.