Um antigo chefe dos serviços britânicos de informações – neste caso caso, o Secret Intelligence Services [SIS]), mais conhecida por MI6 – afirmou que apenas são conhecidas 10% das operações de espionagem desenvolvidas pela Rússia em território europeu. John Sawers, em entrevista ao The Guardian, afirma que muitas das atividades dos agentes secretos russos não chegam aos olhos do público.
O tema surge depois de, no passado domingo, 18, a República Checa ter expulso 18 diplomatas russos identificados como agentes dos serviços de espionagem de Moscovo. Estes foram acusados de pertencerem ao GRU, a secreta militar russa, e de serem responsáveis pela explosão, em 2014, num depósito de munições, na cidade de Vrbetice, a 320 quilómetros de Praga, que levou à morte de duas pessoas.
“Eu acho que estão a fazer tudo correto”, afirma o antigo chefe da MI6 ao The Guardian, elogiando as autoridades da República Checa. No entanto, aponta que este não é um caso isolado. “Nós vemos a extensão da agressividade das atividades clandestinas da Rússia na Europa. Nós provavelmente apenas conhecemos cerca de 10% do que estão a fazer. Há uma grande quantidade de coisas que os serviços fazem das quais simplesmente não estamos cientes”, acrescenta.
As agência de contra-informação ocidentais, segundo o The Guardian, acreditam que tanto o GRU, como a FSB (Serviço Federal de Segurança), responsável pelos assuntos domésticos da Rússia e que já foi chefiada pelo presidente Vladimir Putin, são responsáveis por uma série de assassínios, envenenamentos e golpes que se deram na Europa, durante a última década.
Moscovo continua a negar tais acusações, tal como o envolvimento dos seus diplomatas nas explosões de 2014. “Este procedimento hostil faz parte de uma série de ações antirrussas empreendidas pela República Checa nos últimos anos. Não conseguimos deixar de ver vestígios dos Estados Unidos”, pode ler-se num comunicado do ministro russo dos Negócios Estrangeiros.
Dentro das operações de espionagem de que a Rússia é acusada pode destacar-se o envenenamento de Alexei Navalny, principal opositor de Putin, em agosto do ano passado e ainda o envenenamento de Emilian Gebrev, traficante de armas búlgaro, encarregue de enviar armas para a Ucrânia, que está envolvida num conflito militar com a Rússia devido à anexação da Crimeia.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, já se pronunciou, na segunda-feira, 19, afirmando que as tensões entre a União Europeia e a Rússia estão a aumentar, enumerando como principais razões a expulsão dos diplomatas na República Checa, o estado de saúde de Alexei Navalny, e a crise nas fronteiras russo-ucranianas, onde se estima que estejam perto de 100 mil soldados de Moscovo.