A laje foi inicialmente descoberta na região da Bretanha, em França, no início de 1900, mas acabou por desaparecer. Reencontrada há mais dúzia de anos, foi agora datada por um grupo de arqueólogos da Universidade de Bournemouth, no Reino Unido – e estes não têm dúvidas: os padrões que apresenta foram gravados há 4 mil anos. Datada da Idade do Bronze, a pedra de que se fala, de 2 metros por metro e meio, é a mais recente candidata a ser o mapa tridimensional mais antigo da Europa.
Segundo explicaram os autores do estudo à BBC, as marcas encontradas parecem coincidir com o mapa de uma área no oeste da Bretanha. Acredita-se que o pedaço de rocha, conhecido como laje de Saint-Bélec, remonta ao início da idade do Bronze, como é conhecido o período entre 1900 e 1650 a.C.
A primeira vez que se soube da existência desta pedra foi nos idos de 1900, durante umas escavações no cemitério pré-histórico em Finistère, no oeste da Bretanha, pelo arqueólogo local Paul du Chatellier – mas acabaria por ficar ali esquecida mais de um século. Acredita-se que tenha ficado guardada num fosso do casarão onde vivia du Chatellier, até ser novamente resgatado em 2014.
Depois de analisarem as marcas e as gravuras esculpidas na pedra, rapidamente os peritos concluíram que se trataria de um mapa: pela “presença de áreas repetidas por linhas”, que sugeria retratar uma região de Finistère, como frisaram no estudo publicado no Boletim da Sociedade Pré-histórica Francesa.
Segundo explicaram, os recortes são uma representação do vale do rio Odet e as linhas retratam a rede de rios que percorrem toda a área. Um trabalho e geolocalização precisou mesmo que o território representado na laje tem uma precisão de 80 por cento em relação a uma extensão de 29 quilómetros do rio. Ou seja: ainda hoje, aquele mapa retrata em grande parte a região.
“Este é provavelmente o mapa mais antigo de um território já identificado”, considerou mesmo Clément Nicolas, da Bournemouth University, um dos autores do estudo, à BBC. “Há muitos mapas esculpidos em pedra um pouco por todo o mundo. Mas esta é a primeira vez que um mapa retrata uma área numa escala específica.” Para Nicolas, tudo indica que o mapa foi usado para demarcar a região: “provavelmente uma forma de afirmar a propriedade do território de um príncipe ou soberano da época”.
A descoberta mostra ainda, sublinhou aquele investigador, que os nossos antepassados tinham ferramentas de localização mais sofisticadas do que muitos podem imaginar. “Temos a tendência de subestimar o conhecimento geográfico das sociedades do passado. Esta laje é importante porque destaca esse conhecimento cartográfico.”