Hoje, praticamente ninguém, mesmo que não saiba pronunciar bem o seu nome, desconhece o que é a Pfizer, por ter sido uma das primeiras farmacêuticas a desenvolver uma vacina contra a Covid-19. Há 25 anos também estava em alta – e se calhar essa é a melhor expressão para se usar quando se vai escrever sobre as quase bodas de prata do primeiro comprimido do mercado para solucionar a disfunção eréctil.
A empresa multinacional registou, em 1996, a patente do sildenafil, o princípio ativo da pastilha azul em forma de losango. Vinte anos depois, esses direitos perderam-se e passaram a existir genéricos no mercado. Em Portugal, a sua aprovação para se comercializar o Viagra data de setembro de 1998.
Este comprimido não contribuiu apenas para resolver o problema a muitos homens, tornou-se num símbolo social da época. “Enfatizava-se o sagrado triunvirato de juventude, vitalidade e rendimento”, notou a socióloga Meika Loe, autora do livro The Rize of Viagra.
Para assinalar a data, o realizador americano, Spike Lee, anunciou que irá rodar um musical sobre as circunstâncias que levaram ao aparecimento do Viagra, inspirando-se num artigo de David Kushner, publicado na revista Esquire, que de dedica a essa história caricata. O medicamento foi originalmente concebido para tratar problemas cardíacos, como angina de peito, e só mais tarde revelou a sua capacidade de provocar ereções, por ser um vasodilatador. Converte-se, por isso, num fenómeno global.
Mas a sua existência pop não se fica por aqui. Há uma banda pospunk de Estocolmo que se chama Viagra Boys; houve menções ao comprimido azul num episódio dos The Simpsons; o autor espanhol Francisco Umbral publicou um livro, em 1998, intitulado Historia de Amor y Viagra. Atores como Jack Nicholson ou Michael Douglas vieram a público assumir que tomavam a pastilha e o futebolista Pelé protagonizou um anúncio publicitário, em que realçava as virtudes do medicamento.
No entanto, nem tudo foram rosas para este medicamento. Quando se percebeu que muito jovens passaram a tomá-lo para atenuar os efeitos da droga e do álcool em relações ocasiões, demonstraram-se os perigos dessa toma desordenada e sem prescrição médica, lembrando que se trata de um vasodilatador. Para os mais velhos também se passou a apregoar cautela na sua toma.
É preciso lembrar que a disfunção eréctil é uma doença (já ninguém lhe chama impotência), com variadíssimas implicações, desde ansiedade à depressão, não esquecendo a autoestima ou a falta dela.