Está longe de ser uma nova rede social, mas começou a dar nas vistas há poucos meses por estar a ser cada vez mais utilizada por políticos conservadores e de direita, que se queixam da “falta de liberdade de expressão” das redes sociais mais populares, nomeadamente o Twitter e o Facebook. O Parler, criado, por John Matze, em 2018, no Estados Unidos da América, apresenta-se como uma rede social anti censura.
No dia seguinte ao anúncio de Biden como vencedor das eleições presidenciais americanas, a aplicação tornou-se na aplicação mais descarregada da Apple Store – contou com cerca de 1 milhão de downloads nos cinco dias a seguir às eleições.
A contestação contra o Twitter começou em maio, quando milhares de pessoas saíam à rua nos EUA em manifestações antirracistas. A rede social sinalizou pela primeira vez um tweet de Donald Trump que afirmava que “quando os roubos começam, os tiros começam”, por “enaltecimento à violência”:
Com o passar dos meses, o Twitter passou a estar no centro das polémicas do universo do Partido Republicano, devido às limitações impostas pela rede social às publicações de Donald Trump e outros políticos que espalhavam notícias falsas. Desde aí, vários políticos e personalidades ligados à extrema-direita começaram a mudar-se para o Parler.
Pós-eleições: o culminar do descontentamento com o Twitter
A 6 de novembro, 3 dias depois das eleições americanas, o candidato vencedor estava por decidir. Os americanos continuavam a contar os votos – até que Biden ultrapassou Trump no Estado da Geórgia, indiciando o que parecia ser o início do fim para a Administração Trump.
Perante esta ultrapassem, Trump não perdeu tempo. Lançou dois vídeos no Twitter: um primeiro, onde falou de “votos ilegais que nos podem roubar as eleições”, e um segundo, em que afirmava que “nós nunca vamos permitir que a corrupção nos roube umas eleições.” Face a estes dois vídeos, que transmitiam informação falsa, o Twitter sinalizou-os como “contestáveis” e avisou que “podem ter informações incorretas”:
Perante estas ações do Twitter, o então presidente dos EUA anunciou que a rede social estava “fora de controlo.”
O que é o Parler?
O Parler descreve-se como “uma rede social imparcial, de liberdade de expressão, que se foca em proteger os direitos dos utilizadores.” Os posts partilhados publicamente são chamados de parleys. Os utilizadores podem procurar por hashtags, fazer comentários, publicar posts echo (semelhantes aos retweets) e recorrer a mensagens privadas diretas.
Nos Estados Unidos da América, o senador republicano Ted Cruz, o advogado de Trump, Rudy Giuliani, e alguns familiares do Chefe de Estado como, por exemplo, Donald Trump Jr. e Eric Trump, já se juntaram à rede social. No Brasil, Jair Bolsonaro e os filhos Flávio e Eduardo também.
A plataforma tem promovido ativistas de extrema-direita que foram barrados de outras redes sociais – como é o caso de Laura Loomer, que se auto-proclamou uma “islamofóbica orgulhosa.” Loomer, que participou em campanhas com Lara Trump, a nora de Donald, foi expulsa do Facebook e já conta com mais de 600 mil seguidores no Parler.

Em Portugal, o líder do Chega, André́ Ventura, e a atriz Maria Vieira também já anunciaram a entrada na rede social. A atriz é uma utilizadora regular da rede social, que utiliza para partilhar informações bloqueadas pela Facebook:

Em julho, o Parler contava com 2.8 milhões de utilizadores. Ao longo da semana das eleições americana, o número cresceu para 8 milhões. Outras redes sociais, como o Rumble, Gab e Newsmanx também começara a crescer ao longo dos últimos meses – mas nenhuma destas plataformas se aproxima da popularidade do Twitter, que conta com 330 milhões de utilizadores ativos, ou do Facebook, com 2.7 mil milhões de utilizadores.