Os governos de todo o mundo enfrentam uma difícil tarefa: conciliar a época de festas com a prevenção da Covid-19. Em Portugal, as restrições são relativamente pequenas: os restaurantes poderão ficar abertos até à uma da manhã nas noites de Natal e da passagem de ano, não haverá interdições à circulação entre concelhos, nem limite ao número de pessoas reunidas no Natal. No entanto, António Costa avisou que, “se a situação se agravar”, o Governo pode rever estas medidas na sexta-feira. Na Europa, as respostas são todas muito diferentes, mas as restrições são geralmente mais duras.
Alemanha
Perante a incapacidade em controlar o número de casos infetados, a Alemanha implementou esta semana um forte confinamento a nível nacional, que inclui o encerramento das escolas e de lojas de produtos não essenciais ao longo do Natal e da passagem de ano. Durante as últimas semanas, o país tinha estado sob um confinamento leve, com os seus bares, restaurantes e atracões turísticas encerradas, mas as lojas e escolas abertas. Devido à subida do número de casos, Angela Merkel puxou o travão de mão e culpou as compras de Natal pela subida “considerável” dos contactos entre pessoas.
Estas novas restrições vão durar até 10 de janeiro, mas Merkel abriu uma exceção entre os dias 24 e 26 de dezembro. Ainda assim, será imposto um limite de cinco pessoas para celebrar as festividades. No entanto, a chanceler recomendou que os alemães fizessem um isolamento de uma semana no caso de passarem o Natal com pessoas de fora do seu agregado familiar.
Quanto à passagem de ano, o consumo de bebidas alcoólicas será proibido em todos os locais públicos e a venda de fogo de artifício também foi igualmente banida na véspera de ano novo. No entanto, as cerimónias religiosas serão permitidas com a obrigatoriedade de distância de 1,5 metros entre as pessoas e com a proibição de cantarem.
Áustria
A 7 de dezembro, o governo austríaco levantou o segundo confinamento nacional do país, aliviando as restrições para o Natal. Foi decidido um recolher obrigatório entre as 8 da noite e as 6 da manhã e as lojas de produtos não essenciais puderam reabrir a tempo das compras de Natal. Por outro lado, o governo definiu um plano de testagem em massa, ao encomendar sete milhões de testes para a Covid-19 e implementando programas de testes voluntários por todo o país, de forma a evitar um novo confinamento.
No entanto, os restaurantes e bares permanecerão encerrados ao longo da época natalícia, sendo apenas permitidas as entregas ao domicílio. Os hotéis vão continuar abertos para pessoas que viajam em trabalho, sendo que aqueles que vêm de países com mais de 100 casos infetados por 100 mil habitantes estão obrigados a fazer uma quarentena de 10 dias.
Espanha
Entre os dias 23 de dezembro e 6 de janeiro, o Governo Espanhol permitirá deslocações entre regiões do país, mas apenas para visitar amigos e família. Os ajuntamentos na véspera de Natal, dia de Natal, véspera de Ano Novo e dia de Ano Novo serão limitados a 10 pessoas, incluindo crianças.
Por outro lado, o recolher obrigatório atualmente implementado no país, que varia entre as 22 horas e a meia noite dependendo da região, será estendido até à 1h30 da manhã nos dias de Natal e de Ano Novo. Paralelamente, foi dado um certo grau de autonomia aos governos regionais de Espanha para implementarem restrições mais fortes, caso seja necessário.
França
Na última terça-feira, foram levantadas as fortes restrições impostas por Emmanuel Macron ao longo das últimas seis semanas, que proibiam a circulação dentro do país. De acordo com as novas regras, manter-se-á o recolher obrigatório em França, entre as 8 da noite e as 6 da manhã, e os restaurantes, cafés e bares ficarão encerrados até meio de janeiro.
Apesar de França contar com os números mais elevados de casos infetados da Europa, será aberta uma exceção ao recolher obrigatório na véspera de Natal, sendo que é permitido um máximo de seis adultos em cada casa, não existindo quaisquer restrições ao número de crianças.
Holanda
Mark Rutte, primeiro-ministro do país, anunciou a implementação de um novo confinamento que durará pelo menos cinco semanas. Durante este período, que começou na última terça-feira, as casas na Holanda não podem receber mais de dois convidados com mais de 13 anos e todos os espaços públicos, incluindo cabeleireiros e creches, estarão encerrados até 19 de janeiro.
Quanto às escolas, estas estarão encerradas até 18 de janeiro. Os holandeses têm sido incentivados a ficar em casa e a evitar trabalhar presencialmente, assim como a evitar contactos com outras pessoas. A única (pequena) exceção a este confinamento rígido aberta pelo governo foi o Natal: entre 24 e 26 de dezembro, as casas poderão receber até três convidados.
Itália
Perante o trauma da primeira vaga do vírus e atingidos os números recorde de mortes desde o início de março, o governo italiano anunciou uma proibição de deslocação entre as diferentes regiões de 21 de dezembro ea 6 de janeiro. Assim, os italianos não poderão sair das suas respetivas regiões no dia de Natal e na passagem de Ano Novo.
O recolher obrigatório atualmente em vigor, entre as 10 da noite e as 5 da manhã, manter-se-á ativo durante as festividades, o que significa que as celebrações religiosas da noite de Natal e de Ano Novo não poderão ser realizadas. No entanto, as igrejas vão manter-se abertas.
O primeiro-ministro Giuseppe Conte pediu aos italianos um “Natal mais sóbrio, sem aglomerados, beijos e abraços na véspera de Natal.” É expectável que Roma imponha um confinamento de “zona vermelha” entre a véspera de Natal e 2 de janeiro, com uma extensão do recolher obrigatório, proibição de deslocações não essenciais e fecho de lojas.
República Checa
Os restaurantes, hotéis e outros estabelecimentos públicos vão ser novamente encerrados esta semana – depois de terem estado abertos pouco mais de duas semanas. Por sua vez, as escolas vão fechar mais cedo para a época natalícia, mas as lojas manter-se-ão abertas.
De acordo com estas novas medidas, os ajuntamentos públicos serão limitados a seis pessoas, em qualquer local. Até ao momento, o limite era de dez pessoas em sítios fechados e cinquenta pessoas ao ar livre. Por outro lado, haverá um recolher obrigatório a nível nacional entre as 11 horas da noite e as 5 horas da manhã.