Stéphane Verger, diretor do Museu Nacional Romano, foi apanhado de surpresa quando, na passada semana, recebeu um pacote volumoso enviado do estrangeiro, acompanhado de uma carta endereçada “A quem possa interessar”.
Entre folhas de papel amarrotadas, estava um fragmento de mármore de dimensões consideráveis, com a seguinte mensagem escrita a marcador preto: “Para o Sam, com amor Jess, Roma 2017”.
Do outro lado do oceano, Jess, uma figura anónima original de Atlanta, Geórgia conta como, levada pelo impulso, pilhou um artefacto romano, pedindo as mais sinceras desculpas por um ato que, agora, reconhece como “desrespeitador” e “irrefletido”.
“Por favor, perdoem-me por ser uma americana tão tola e ter levado algo que não era meu. Sinto-me terrivelmente mal, não só por ter retirado este item do seu devido lugar, mas também por ter escrito nele”, pode ler-se na carta escrita à mão. “Foi um grande erro da minha parte e só agora, em idade adulta, é que me dei conta de como foi irrefletido e desprezível”.
Jess admite ter tentado retirar a mensagem do artefacto, uma missão que rapidamente se mostrou impossível. “Tentei esfregar durante muitas horas para remover [a mensagem da pedra], mas sem qualquer sucesso.”
A origem da pedra permanece desconhecida, apesar de se suspeitar que tenha sido retirada do Fórum Romano – o coração político do Império Romano.
Vergan acredita que o fragmento tenha sido levado por alguém durante um momento infeliz da sua juventude. “Em 2017, ela deve ter viajado para Roma e levou o fragmento de mármore para presentear o namorado. A situação impactou-me precisamente porque ela é uma jovem – e compreendeu que fez um erro”.
O incidente fez o diretor do museu questionar-se sobre o que poderá ter levado Jess a devolver o artefacto. Em outubro, outra mulher entregou fragmentos roubados da antiga cidade de Pompeia, alegando que estavam “amaldiçoados”.
Segundo Vergan, a mediatização do caso pode ter encorajado a jovem norte-americana a devolver o que não lhe pertencia. “O ano de 2020, que está a ser dizimado pela pandemia de Covid-19, fez com que as pessoas refletissem sobre as suas decisões e agissem com base na consciência. A verdade é que, três anos após o roubo, ela devolveu-o – e isso é um gesto muito importante”.
