Várias passageiras da Qatar Aiways foram submetidas a exames ginecológicos obrigatórios, depois de um recém-nascido ter sido encontrado num caixote do lixo, no aeroporto de Doha, no início de outubro.
O governo australiano – país de onde eram naturais pelo menos 13 das mulheres obrigadas a realizar “exames médicos invasivos” para averiguar a identidade da progenitora – classificou o sucedido como “horrível” e “inaceitável”.
A ministra das Relações Exteriores da Austrália, Marise Payne, também se mostrou preocupada com a grave violação das liberdades das passageiras, acrescentando que nunca tinha ouvido nada do género ao longo da sua vida.
Citado pela BBC, Wolfgang Babeck, um passageiro do voo QR 908, admite ter sentido “um ambiente muito tenso” quando as mulheres regressaram aos seus lugares. “Uma das mulheres estava a chorar”, relata Babeck. “As restantes estavam chocadas. Ninguém podia acreditar no que tinha acontecido. Foi uma questão tão privada e delicada.”
Numa primeira instância, o governo do Qatar saiu em defesa da “busca decidida no momento” para encontrar a progenitora do recém-nascido, mas, na sequência de uma investigação preliminar, reconheceu que os “procedimentos padrão tinham sido desrespeitados”. O caso foi encaminhado para o Ministério Público.
“Asseguro-vos que os responsáveis por estes atos serão punidos. O que aconteceu não representa as leis ou valores do Qatar”, garantiu o primeiro-ministro do Qatar, Sheikh Khalid bin Khalifa bin Abdulaziz Al Thani, na passada sexta-feira.
O governo expressou “as mais sinceras desculpas pela aflição sentida por algumas das passageiras como resultado das medidas aplicadas”, assegurando que as conclusões do relatório final seriam partilhadas “num futuro muito próximo” e que os países envolvidos já estavam a par dos resultados da investigação preliminar.
A ministra das Relações Exteriores da Austrália aceitou o pedido de desculpas do primeiro-ministro do Qatar e reconheceu os resultados da investigação.
“É um grande passo que estas infrações tenham sido encaminhadas para o Ministério Público”, afirmou Payne.“ Os passageiros australianos vão sentir-se tranquilizados ao saber que o governo do Qatar destacou uma equipa especializada para rever procedimentos e protocolos, a fim de assegurar que não se repitam acidentes deste género”.
A Nova Zelândia revelou que uma das suas cidadãs foi submetida aos “exames médicos invasivos”, decorridos em três ambulâncias estacionadas numa parte resguardada de uma das pistas do aeroporto. Autoridades do Reino Unido confirmaram que duas mulheres inglesas se encontravam no grupo das passageiras examinadas.