O ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha pediu hoje aos países da União Europeia que cuidem dos migrantes atingidos pelo “desastre humanitário” causado pelo incêndio no campo de refugiados de Moria, na ilha grega de Lesbos.
“Temos de determinar rapidamente uma forma de ajudar a Grécia” e incluir nessa ajuda “uma distribuição entre os países da UE disponíveis para receber [os migrantes]”, afirmou Heiko Maas, cujo país garante a presidência semestral da União Europeia.
Situado na ilha grega de Lesbos, Moria – o maior campo de refugiados da Europa e aquele que tem piores condições, já que alberga cerca de quatro vezes mais pessoas do que a sua capacidade — sofreu vários incêndios que deflagraram esta madrugada, após confrontos entre os migrantes aí residem e as autoridades gregas.
O incêndio foi detetado depois de ter sido anunciado que 35 pessoas do campo tinham obtido resultado positivo no teste para deteção da infeção da covid-19 e que iriam ser transferidas para uma área especial de isolamento.
Até agora não há informação de vítimas, numa altura em que os bombeiros continuam sem conseguir aceder às tendas e contentores de alojamento.
O Governo grego anunciou hoje que vai declarar estado de emergência na ilha de Lesbos, já que o incêndio destruiu praticamente todo o campo de refugiados e deixou cerca de 13.000 pessoas desabrigadas.
As autoridades decidiram ainda proibir todas as pessoas que viviam em Moria de deixar a ilha para evitar uma possível disseminação do coronavírus que provoca a covid-19.
O fogo está já controlado, mas os bombeiros tiveram muitos problemas para o combater durante a madrugada, não só porque ocorreram várias explosões, mas porque grupos de refugiados os atacaram com pedras, informou a imprensa local.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, manifestou hoje “solidariedade total” com a ilha e a comissária europeia do Interior, Ylva Johansson, anunciou hoje de manhã que a Comissão Europeia irá financiar a transferência e alojamento para a parte continental da Grécia dos 400 menores não acompanhados que permanecem no campo de refugiados de Moria.
“Já concordei em financiar a deslocação imediata e o alojamento no continente das 400 crianças e adolescentes desacompanhados que permanecem [no campo]. A prioridade é dar segurança e abrigo a todas as pessoas de Moria”, disse a comissária, numa mensagem divulgada na rede social Twitter.
Vários ministros gregos decidiram ir à ilha para inspecionar o local e espera-se que medidas imediatas sejam anunciadas esta tarde.
Milhares de pessoas fugiram do campo assim que começaram os incêndios e tentaram dirigir-se à capital da ilha, Mitilene, localizada a cerca de sete quilómetros de Moria, mas as autoridades da ilha mobilizaram uma forte força policial que bloqueou a estrada de acesso.
Esta manhã, três esquadrões da polícia de choque partiram de Atenas para reforçar as forças de segurança no local.
O campo está em quarentena há uma semana, depois de ter sido detetado o primeiro caso de covid-19 num somali de 40 anos que já tinha obtido o estatuto de refugiado e que, em agosto, esteve em Atenas à procura de emprego.
PMC // FPA