Para muitos turistas europeus adeptos do naturismo, aquele que parecia ser o resort ideal para aproveitar as férias de verão tornou-se um pesadelo, com taxas de infeção de quase um terço dos veraneantes.
Conhecida como a “village naturiste” (aldeia naturista, em português), o complexo turístico de Cap d’Agde, em França, é uma zona isolada com um conjunto de clubes eróticos e de swing, e algumas saunas, onde diversos casais aproveitam para passar momentos mais íntimos. Antes da Covid-19, o número habitual de turistas a passar pelo Cap d’Agde era cerca de 45 mil por dia. A afluência baixou devido à epidemia, mas mesmo assim muitos não abdicaram de passar aqui as férias.
Em agosto, no entanto, dois funcionários de um hotel da “aldeia” testaram positivo para o coronavírus. A partir daí, verificou-se um aumento substancial do número de casos na zona do resort. Festas com a presença de turistas provenientes de diversos países, sem distanciamento social nem o uso da máscara, acabou por espalhar o vírus pelo resort. Boa parte dever-se-á a festas de swing organizadas no local. Turistas ouvidos pela BBC garantem que as pessoas estão em permanente contacto próximo umas com as outras e completamente nuas – incluindo na cara.
Entretanto, as autoridades de saúde francesas montaram um centro de testes móvel em Cap d’Agde. Nessa altura, vários foram os turistas que se voluntariaram para realizar o teste ao coronavírus. Resultado: o número de testes positivos foi várias vezes superior à média da região. De acordo com um comunicado de imprensa publicado pela Agência Regional de Saúde da Occitânia, e citada pelo jornal Le Télégramme, em 800 testes realizados aos turistas num dia, verificou-se uma taxa de infeção de 30%.
O ministro da saúde francês Olivier Veran disse ao Daily Mail que a situação era “preocupante” e que as infeções foram detetadas, sobretudo, em pessoas de idade compreendida entre os 20 e os 40 anos que participaram nas festas da vila. O surto ocorreu numa altura em que os casos de Covid-19 aumentaram substancialmente no país, tendo-se verificado cerca de 5 mil num único dia, o maior valor registado desde maio.
Embora houvesse uma pequena vila de nudismo no local de Cap d’Agde na década de 50, só depois do desenvolvimento da área na década de 60 é que a ideia começou a ganhar forma. Inicialmente, o resort pretendia ser apenas uma vila turística, antes de o conceito de nudez ter começado a tornar-se comum entre os turistas. O complexo tem uma zona de campismo, mais utilizada por naturistas tradicionais, que não têm interesse nos clubes de swing.