Um novo estudo publicado esta quarta-feira pela revista Nature revela que 60% das plataformas de gelo correm perigo de quebrar. O fenómeno poderá conduzir ao desaparecimento substancial de superfície de gelo na Antártida, o que poderá contribuir para aumentar o nível do mar.
O estudo analisou as áreas onde as plataformas de gelo são mais suscetíveis a um fenómeno chamado hidrofratura, que ocorre quando a água derretida flui para fendas no gelo e as alarga, podendo provocar o colapso da plataforma.
A hidrofratura só ocorre quando a superfície de uma plataforma de gelo é inundada com água derretida, mas há décadas que existem poças de água no estado líquido na Antártida que não fazem as plataformas colapsar. Isto porque o fluxo de água nas fissuras superficiais é lento ou volta a congelar.
Mas, apesar de algumas áreas não estarem expostas a possíveis quebras, o estudo, dirigido por especialistas da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, revelou que três quintos da plataforma de gelo da Antártida está a atrasar o fluxo de gelo para o oceano, tornando-se mais vulnerável a fraturas.
Uma vez que é difícil observar toda a área congelada da Antártida, os especialistas responsáveis pelo estudo desenvolveram um modelo capaz de prever os locais de formação das fraturas. Ching-Yao Lai, líder do estudo, citado pelo Guardian, afirma que a sua equipa “previu que as áreas das plataformas de gelo que podem entrar em colapso devido à hidrofratura são principalmente aquelas que retêm o fluxo das camadas de gelo. Assim, a perda dessas áreas causada pela hidrofratura pode afetar substancialmente o fluxo de gelo para o oceano”.
Os peritos alertam, ainda, para o facto de que, apesar de haver muitas áreas que não conduzem à hidrofratura com o agravamento do aquecimento global, elas podem, de facto, tornar-se um risco no futuro. “O aumento da lagoas em locais resilientes não levará a um fenómeno de hidrofratura generalizado”, afirma o estudo. “No entanto, as previsões futuras sugerem que as taxas de degelo dos locais onde hoje existem essas lagoas podem aumentar até ao ano 2100″, remata.