O inexorável decurso da História tem casos assim: os de homens cuja morte política fica gravada na memória coletiva, ao contrário do que sucede com a data da sua própria morte. António de Oliveira Salazar, que durante 36 anos pôs e dispôs de Portugal e dos portugueses, pertence a esse rol de figuras. Foi o célebre 3 de agosto de 1968, em que o ditador caiu da cadeira de lona e bateu violentamente com a cabeça no chão de pedra do Forte de Santo António da Barra, no Estoril, que virou a página do salazarismo. O então presidente do Conselho podia continuar clinicamente vivo, mas o regime começava aí a ser velado. O Estado Novo, concebido por Salazar e para Salazar, soçobraria seis anos depois.
Mesmo doente e já substituído por Marcelo Caetano, era ainda tratado pela comunicação social, num misto de deferência e reverência, por “presidente”. A lenta agonia de Salazar, essa, só terminaria quando uma infeção agravou o seu estado de saúde, a 27 de julho de 1970, data sobre a qual se assinala, na segunda-feira, meio século. Nesse dia, as manchetes dos jornais davam conta do luto nacional, apesar do alívio e do júbilo de tantas vítimas da opressão. O funeral teve lugar no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, três dias depois, e o corpo seguiu de comboio para Santa Comba Dão, onde está sepultado.
Da política à música, da justiça à literatura, passando pelo jornalismo, a VISÃO ouviu quem viveu, ainda miúdo ou já graúdo, o dia em que o salazarismo desapareceu de vez.
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