App: #Ciberamigo é o nome da aplicação que ganhou, quarta feira, 15, a 2ª edição do Transforma TI, um prémio criado pela Câmara de Valongo, com o intuito de valorizar aplicações tecnológicas que resolvam problemas sociais.
Desenvolvida para ajudar o combate à ciberagressão, a aplicação criada por Maria Vale destina-se, não só às vítimas, mas também aos agressores e observadores do fenómeno. A realizar um Doutoramento em Psicologia Aplicada, na Universidade do Minho, Maria explica que a aplicação surgiu como resposta a uma série de questões observadas num estudo científico realizado pela Unidade de Investigação em Vitimologia e Sistema de Justiça da mesma Universidade.
Ciberagressão e ciberbullyng são a mesma coisa?
Não. A ciberagressão é algo mais abrangente que contempla, não só o ciberbullying, mas também o ciberabuso nas relações de namoro e o ciber stawlking.
A ciberagressão é comum entre os jovens portugueses?
No universo de 627 adolescentes portugueses (12-16 anos) que estudámos, constatámos que mais de 60% estava envolvido em fenómenos de ciberagressão, fosse na posição de vítima, agressor ou observador. A literatura internacional aponta ainda para o facto de muitos jovens normalizarem a situação, encarando-a como uma brincadeira.
Encarar o fenómeno como uma brincadeira contribui para que este seja mais difícil de identificar?
É algo que dificulta a vida não só às vítimas, por normalizarem uma situação de abuso, como aos observadores. Muitos jovens são observadores passivos, porque, por um lado, estão tão envolvidos no fenómeno que começam a normalizá-lo, por outro, pedir ajuda e reportar o sucedido a adultos significa dirigir-se a pessoas que, muitas vezes, não têm sequer conhecimentos informáticos suficientes para perceber a dimensão e a gravidade do que se passa.
De que forma a aplicação ajudará os adolescentes a lidar com estas situações?
A app divide-se em três áreas: informa-te, desconstrói e pede ajuda. A primeira tem uma série de informação sobre as dinâmicas, consequências e motivações da ciberagressão. A segunda tem como objetivo desconstruir mitos e cibermitos como o facto de os rapazes não serem vítimas de ciberagressão ou ser normal enviar nudes. Por fim, a última área destina-se à denúncia anónima de casos, num chat, e contará com a colaboração direta do psicólogo de cada escola.
O papel de educadores e psicólogos é então determinante?
Sim. Queremos levar a app a escolas públicas e privadas, para que os professores possam apresentá-la, por exemplo, em aulas de cidadania. Será uma ferramenta útil, atrativa e próxima da linguagem dos alunos.
A app destina-se a que faixa etária?
A todos os adolescentes do 3º Ciclo do Ensino Básico e do Ensino Secundário que sejam vítimas, agressores ou observadores de fenómenos de ciberagressão. No entanto, a secção dedicada a informar os alunos, pode também ser usada por professores e psicólogos a fim de perceberem melhor o fenómeno.
Quando estará disponível para Android e iOS?
Esperamos tê-la pronta para o ano letivo de 2021-2022.