Com ou sem açúcar. Numa chávena fria ou escaldada. Curto, cheio, abatanado ou sem princípio. Com uma pinga de leite ou em formato carioca. As variantes do café que nos acompanha diariamente são imensas – afinal, trata-se da segunda bebida mais ingerida no mundo. Em Portugal, atestam dados da European Coffee Federation, 80% das pessoas bebem café todos os dias.
Em casa há mais de um mês, a nossa relação com o café, o “social”, pelo menos, alterou-se. Mas não diminiu necessariamente. Apesar de ainda não haver números oficiais, para João Rodrigues, nutricionista, autor do blog Mundo da Nutrição (e também do livro Duelo de Alimentos), “o mais certo é haver um aumento da compra em supermercados para tomar nas máquinas lá de casa”, mantendo, assim, o mesmo consumo.
E isso, sublinha o nutricionista, “será o ideal”. Afinal, trata-se de um importante aliado para manter as rotinas, como os hábitos de sono, e até o humor. “Se estamos habituados a consumir determinada quantidade de cafeína, não o fazermos pode desregular o nosso metabolismo. E esses efeitos não ajudam nada a quem já está a viver um momento tão fora do comum como este”, insiste, em referência ao isolamento e distanciamento social impostos por causa da pandemia.
Mais beneficios que malefícios
Mas reduzir, talvez? Quem esperava que dali viesse uma recomendação para reduzir o seu consumo, desengane-se. Além dos benefícios já referidos, também a nível metabólico estes ultrapassam os malefícios. “Há já muita evidência científica sobre o seu efeito protetor, tanto a nível anti-inflamatório (reduzindo o risco em alguns tipos de cancro) como antioxidante”, garante ainda João Rodrigues, numa alusão a estudos como este ou este. Mas com uma ressalva: tudo depende do metabolismo e estilo de vida de cada um. E, claro, de situações excecionais, como a gravidez, por exemplo.
Se não é esse o caso, saiba que há um valor consensual de consumo diário – e este deve ficar-se pelos 400 miligramas de cafeína, qualquer coisa como quatro a cinco cafés. Assim, agora que começamos a pensar em voltar a ter alguma normalidade na nossa vida, o ideal será também continuar nos mesmos consumos. “Vamos ter imensa vontade de ir ao café, talvez até mais do que fazíamos”, assume o nutricionista.
Embora, com as restrições que estão a ser preparadas, essa possa ser um experiência completamente diferente da que tínhamos, já que, provavelmente, não veremos tão cedo grupos de pessoas à volta de uma mesa para degustar o líquido produzido a partir da moagem do grão de café, invenção que os portugueses levaram para o Brasil nos idos de 1700. Ainda assim, e por falar nisso, vai um cafezinho?