As recomendações são claras: lave as mãos. Não toque na cara. Não vá ao café nem a lugar nenhum. Lave as mãos novamente. Sim, o que nos estão a pedir é muito, imenso. Esta é, escreve a The Atlantic, “a maior experiência do mundo em mudança de comportamento”. Decorre em praticamente todos os países do planeta. Alguns já estão na fase ascendente. Mas outros ainda estão faltam algumas semanas para lá chegar.
É o caso de Portugal. Em estado de emergência desde quinta-feira, 19, as recomendações são claras. Como disse António Costa, o primeiro-ministro, quando anunciou a decisão, não se pôs termo à normalidade. Mas estão em vigor uma série de restrições à circulação.
Ainda assim, isso não impediu imagens como as da PSP a desesperar para mandar uma senhora de alguma idade para casa, em Guimarães. “Vou porque quero”, acabou por conceder a mulher, depois de alguns momentos mais exaltados.
A questão é moral e prática: como convencer alguém particularmente teimoso (e sobretudo mais velho) a levar a pandemia de coronavírus a sério? Sobretudo sabendo que a taxa de mortalidade é muito baixa nos mais novos, mas alcança duplica e triplica a cada década que passa?
A geração de que se fala
Os mais novos também não ficam bem na fotografia – o número de infetados bem mais jovens em Portugal revela isso. Mas a geração de que se fala – a que tem hoje entre 70 e 80 anos – ficou para a história como Baby Boomer, a nascida no pós-guerra.
Foram os que, na infância e adolescência, presenciaram a Guerra Fria no seu auge. Na idade adulta, sofreram com os Vietnames desta vida – por cá, muitos viram os dias interrompidos com a guerra em África, em tempo de ditadura. Foram os primeiros a crescer com a televisão como principal meio de comunicação de massas. Criados num tempo em que os mais velhos é que mandavam, hoje replicam esses comportamentos. E, arredados das novas tecnologias, quando lhes vêm dizer que não podem, ripostam um pragmático “Isso é que era bom”. Afinal, eles já passaram por tanto!
Assim, e se é verdade que a responsabilidade moral é uma motivação poderosa, há outras sugestões (replicadas numa série de artigos da Vox, The New Yorker, ou El País…)
- Lembre a essas pessoas (gentilmente…) que não se trata só delas. Um infetado assintomático também contagia outras pessoas – suspeita-se que até mais do que os outros…
- Evite falar em números, são demasiado abstratos. Conte histórias. O melhor exemplo é o caso de Itália, onde os mais velhos foram os mais atingidos nestes tempos de Covid-19. Ou de Espanha, onde a diferença não é grande.
- E ainda há sempre o velho truque: não lhes diga nem lhes peça para não fazerem algo. Sugira que façam outra coisa. E não se esqueça de ser educado, sempre!