São pequenas folhas de papel coladas nas portas e nas montras, cada uma com texto e grafismo diferente, por vezes escritas também em inglês, mas sempre com a mesma mensagem: o anúncio do fecho da loja ou estabelecimento comercial, devido à ameaça do novo coronavírus e como forma de preservar a saúde pública. O movimento iniciou-se no sábado, 14, nas ruas da Escola Politécnica e D. Pedro V, num dos eixos mais turísticos de Lisboa, e promete alastrar, nos próximos dias, a outros espaços comerciais daquela área, tendo em conta as primeiras reações.
O movimento de fecho voluntário já fez com que, na manhã deste domingo, aquela zona estivesse quase sem movimento de pessoas – apenas alguns turistas circulavam, aproveitando o sol e o calor. Os poucos estabelecimentos abertos – na maioria, restaurantes – estavam quase vazios.
Nas lojas fechadas, os avisos tanto são lacónicos – apenas a avisar que encerram, na maior parte sem prazo previsto – como tentam transmitir uma mensagem para a comunidade.
“Um por todos e todos por um – unidos somos mais fortes e a vitória aguarda-nos”, escreve-se no “comunicado”, impresso numa folha de papel A4 colada na porta do café Zé Carioca, rua da Escola Politécnica.
Quase em frente, do outro lado da rua, o espaço Pau-Brasil, especializado no comércio de produtos brasileiros, justifica o encerramento da seguinte forma: “Vivemos dias intensos e tensos que nos exigirão uma posta ainda mais consciente”. Mas deixa uma mensagem de esperança: “Acreditamos que juntos somos mais fortes, mesmo quando estamos separados. Atravessaremos este momento difícil e chegaremos à terra firme, ainda mais fortalecidos”.
Já na rua D. Pedro V, na loja Lost in, especializada em vestuário indiano, o aviso começa com um alerta para a necessidade de “cuidar” das comunidades. E termina com um apelo: “Proteja-se, retire-se e cuide um do outro”.
Na loja de moda Amélie au Théâtre, o aviso é simples e em papel colorido, como é habitual na montra deste estabelecimento. Sobre um fundo amarelo surgem escritas apenas duas palavras: “Quarentena voluntária”. É um bom resumo para descrever o movimento espontâneo que, de um dia para o outro, quase “fechou” o Príncipe Real.