O Polarstern, um navio quebra-gelo alemão, é dos mais usados nas expedições no Ártico e na Antártida. Desde 1982 que está ao serviço da investigação, encontrando-se agora preso intencionalmente no gelo marinho para servir de base à missão MOSAiC, que procura compreender o que se passa com o clima do Ártico, em rápida mudança. Mas os trabalhos terão de ser adiados. Um dos membros da expedição, elemento das equipas de aeronaves que apoiam o navio, está infetado com o Covid-19. Agora, as 20 pessoas que estiveram em contacto com ele foram postas também em quarentena nas suas casas, como contou à Nature Markus Rex, cientista chefe do MOSAiC (que significada Observatório de Derivação Multidisciplinar para o Estudo do Clima do Ártico). A missão foi adiada até a quarentena ser levantada.
Para minimizar os riscos, todos os membros escalados para entrar no Polarstern são testados antes de partirem, do porto de Svalbard, um arquipélago dentro do Círculo Polar Ártico que pertence à Noruega – e a autorização só sai depois de duas análises negativas. O indivíduo infetado tinha participado num workshop na cidade alemã de Bremerhaven, na Alemanha, no início de março, com outros membros das equipas de apoio aéreo. Ao primeiro resultado positivo, já ninguém viajou para Svalbard.
“O maior risco, assume Lynne Talley, oceanógrafa física do Scripps Institution of Oceanography em La Jolla , Califórnia, é que os vírus se possam propagar extremamente depressa nos navios. “É um espaço muito pequeno.” Os receios são compreensíveis: dado o longo tempo de incubação do vírus, medidas de isolamento a bordo são difíceis de implementar com rapidez suficiente para fazer a diferença num local daqueles. “Se alguém embarcado estiver infetado”, remata a investigadora, “rapidamente contagiaria todos a bordo”.
Esta quinta-feira, a missão aérea deveria ter feito os primeiros voos – mas acabou por ser adiado, dado que previa que alguns membros pousassem no gelo perto do navio para reabastecer. “Por enquanto, a interrupção dos objetivos científicos da missão tem efeitos mínimos”, teme Matthew Shupe, outro dos cientistas responsáveis pela missão. “Mas, se houver mais problemas do género, será muito difícil capturar os eventos que procuramos.”