Estava à espera de voltar para a China há quase 15 dias e esta semana conseguiu finalmente voar até Xiam, no centro do país, cidade conhecida por albergar os famosos soldados de terracota e que, desde os anos 1990 reemergiu como potência cultural e industrial. Foi ali que Luís Pinto, 41 anos, se instalou, depois de ter passado por várias cidades, desde que chegou ao país, em 2007. Treinador de futebol, foi um dos muitos portugueses ir para o oriente incentivado pelo sucesso das várias escolinhas de futebol da Winning League, empresa de Luís Figo – que, entretanto, fechou.
“Regressei logo que pude porque queria cumprir a quarentena o mais cedo possível e depois poder voltar ao trabalho”, explica o português, que aproveitou as férias do Ano Novo chinês para vir matar saudades da família, e agora, já com a despensa abastecida se prepara para cumprir mais um dia de quarentena. “Sair de casa? Sim, até poderia, mas também não há onde ir”, relata, a lembrar que está tudo, praticamente, fechado.
Ainda assim, só a viagem até à sua casa da China já foi uma enorme aventura. Depois de ter embarcado num voo direto, perdeu a conta ao número de vezes em que o pararam para lhe tirar a temperatura – uma mão cheia, seguramente, desde que saiu do avião até ao táxi, cujo condutor levava até um plástico a separá-lo do banco de trás. Havia medições a cada desvio no percurso, inclusive até na saída da autoestrada, com registo sempre de todos os seus dados, do nome à morada.
Ainda assim, Luís garante que toda essa vigilância não o aflige, pelo contrário: o sentimento que partilha com muitos portugueses da comunidade instalada em Xiam é de maior segurança. “Aqui na China há muita vigilância e isso faz-nos sentir mais seguros”, justifica,. “Ainda por cima, aqui há apenas 30 e poucos casos e o número de infeções tem descido diariamente. Ainda na semana passada foram 10, ontem apenas quatro”