Voltou esta quarta-feira, dia 12, ao trabalho, mas foi sol de pouca dura. “Viemos de novo para casa”, conta André Matias, um engenheiro informático de 28 anos, que vive há quatro em Xangai, a maior cidade da China e um núcleo financeiro a nível global. “Nunca imaginei que hoje em dia pudesse acontecer uma epidemia assim”, desabafa, apesar de se lembrar bem que, quando chegou, notou logo que não havia grande higiene nem limpeza nas cozinhas. “Como é que é possível, tantos anos depois da SARS, não se ter sequer generalizado o hábito de lavar as mãos?”, questiona, considerando que, apesar de tudo, na cidade em que vive é bem melhor.
“E se pensarmos que há uns dias, com as férias do Ano Novo Chinês, estava 1 milhão de pessoas numa estação de comboios aqui em Xangai é como ter uma mina à espera de explodir…” A dada altura, convenceu-se que o melhor era voltar para Portugal e chegou a comprar bilhete e tudo, só que depois o voo foi cancelado. “Foi logo ao início, não se percebia bem o que estava a acontecer”.
É um pouco por tudo isto que a ida e volta ao local de trabalho, esta quarta-feira, foi para lá de estranha. “Para quem vive numa cidade com 24 milhões de habitantes, parecia um local-fantasma”. Ainda assim, segue, “com o tempo vai-se ficando mais tranquilo…”
Só não se conforma com o facto de o teor das notícias nunca ser positivo. “Aqui em Xangai há apenas 300 casos, o que significa uma percentagem baixíssima de casos”, assegura André, que passou a viver de olho nas estatísticas, o que lhe permite apontar – e bem! – o dedo a quem dá informação sobre o assunto. “Estão sempre a dizer que há 45 mil infetados e mais de mil mortos. Mas não dizem que 4 795 já se curaram.”