Seria mais uma sexta-feira normal num dos maiores gigantes do ramo automóvel, onde as vendas corriam ao ritmo de 10 milhões de carros vendidos por ano. No entanto, essa sexta-feira, 18 de setembro de 2015, ficará para sempre marcada como o dia da descoberta de um dos maiores logros da indústria automóvel e o seu protagonista dava (e dá) pelo nome de Volkswagen, o grupo alemão que fabrica 12 marcas diferentes (entre elas a Volkswagen, Audi ou a Porsche).
O caso ficou apelidado de Dieselgate e foi denunciado pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA depois de testes feitos a vários modelos.
Durante anos a Volkswagen manipulou o software dos automóveis para passar nos testes de emissões poluentes (gás carbónico e óxido de nitrogénio).
O grupo fez ‘mea culpa’, pediu desculpa e admitiu ter “aldrabado” o software de 11 milhões de carros. Houve demissões em bloco e o Dieselgate chegou a outras marcas.
Mas o que fez ao grupo Volkswagen perante os consumidores defraudados? Pouco. Pelo menos na Europa. Já nos EUA a história foi bem diferente. A marca recolheu os quase meio milhão de automóveis afetados, pelos quais pagou 7,4 mil milhões de dólares.
O deserto de Victorville, na Califórnia, tornou-se num imenso cemitério de carros da marca alemã. Uns foram reparados e devolvidos aos clientes e muitos tiveram como destino a sucata.
E na Europa? Na Europa, nada. Os consumidores continuam à espera de ser ressarcidos.
Assim, e depois de quatro anos à espera duma solução, a associação de defesa dos consumidores portuguesa Deco Proteste, em aliança com as suas congéneres espanhola, italiana e belga dirigiram uma carta aberta à nova presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pedindo-lhe que “vire esta página negra” e “ponha um fim ao escândalo das emissões poluentes pressionando a Volkswagen” a, finalmente, ressarcir os seus clientes “pagando-lhes a indemnização a que têm direito”.
As associações desejam sorte à nova presidente e lembram que a “a Europa precisa de indústrias fortes, mas que assumam as suas responsabilidades”.