De um momento para o outro, o buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea foi apanhado a ficar até 75 vezes mais brilhante do que o normal, atingindo a maior luminosidade alguma vez vista no Sagittarius A.
“Primeiro, fiquei bastante supreendido e, depois, muito entusiasmado”, confessa o astrónomo Tuan Do, da Universidade da Califórnia, ao ScienceAlert. “O buraco negro estava tão brilhante que o confundi com uma estrela”, acrescenta, explicando que, em breve, se tornou claro que a fonte tinha de ser o buraco negro. E que alguma coisa “interessante” estava a acontecer.
O que quer que tenha acontecido, aconteceu no dia 13 de maio e os astrónomos conseguiram condensar duas horas de observações num timelapse de alguns segundos, enquanto continuam a tentar perceber do que se tratou.
Quando se observa a radiação com um telescópio de infravermelhos, esta traduz-se como luminosidade. O normal para o Sagittarius A é que cintile como uma vela. Para brilhar tanto como se viu, é porque algo se passou, como, teorizam os especialistas, alguma coisa ter-se aproximado demais e ficado presa à sua força gravitacional – para já, em cima da mesa estão duas hipóteses: um objeto conhecido como G2, que se pensa ser uma nuvem de gás que, em 2014, ficou a apenas 36 horas-luz do buraco negro; ou uma estrela, a S0-2, com uma órbita elíptica de 16 anos em torno do Sagittarius A. No ano passado, esta fez a sua maior aproximação ao buraco negro, ficando a apenas 17 horas-luz.
Estas primeiras conclusões foram agora publicadas no The Astrophysical Journal Letters, com os astrónomos a sublinharem que, uma vez que o máximo de brilho foi captado logo no primeiro frame, isto quer dizer que é possível que o grau de luminosidade tenha sido ainda superior antes do início da observação.