Um novo procedimento para adiar a menopausa envolve a remoção e congelamento do tecido dos ovários que é, mais tarde, novamente inserido no corpo. Os médicos afirmam que a operação pode beneficiar milhares de mulheres que sofrem de graves problemas de saúde, tais como problemas cardíacos e osteoporose debilitante, provocados pela menopausa. Além disso, poderá melhorar a qualidade de vida de milhões de mulheres, adiando o início dos sintomas mais comuns: mau humor, ansiedade, insónias, suores noturnos, sensação de calor intenso, e redução do desejo sexual.
Este novo método foi descoberto em Inglaterra e, apesar de custar entre 7 a 12 mil euros, está a ser administrado gratuitamente, e em apenas 30 minutos, em mulheres até aos 40 anos, através da ProFam, uma empresa com sede em Birmingham criada por Simon Fishel, médico especialista em fertilidade. Nove mulheres já decidiram experimentar.
“Isso tem potencial para ser significativamente benéfico para qualquer mulher que queira adiar a menopausa, por qualquer motivo, ou para aquelas mulheres que teriam realizado a terapia de reposição hormonal, e existem vários benefícios em torno disso”, explicou Fishel. “Este é o primeiro projeto no mundo a fornecer às mulheres saudáveis criopreservação do tecido ovariano apenas para retardar a menopausa”, informou também o diretor clínico da empresa, Yousri Afifi, ao Sunday Times.
O tempo que o novo procedimento irá retardar a menopausa depende da idade em que o tecido é removido e quando é reintroduzido. O tecido retirado a uma jovem de 25 anos pode adiar a menopausa cerca de 20 anos, enquanto que o tecido retirado a uma mulher de 40, só poderá atrasar o seu início por cinco anos.
Dixie-Louise Dexter, com 33 anos, realizou a cirurgia em julho do ano passado, 13 anos depois de ser diagnosticada com endometriose. Segundo a mesma, a sua condição afetava “tudo”, desde os seus relacionamentos, ao seu desempenho profissional, e a operação “mudou a sua vida”. “Eu estava um pouco ansiosa no início, porque nunca tinha ouvido falar [do procedimento]. Mas, ao sair do hospital, tive muita sorte por ter sido escolhida para uma cirurgia como esta, porque era tão nova e por causa dos benefícios que poderia ter”.
“Eu já tinha tido sintomas no passado, então não queria experienciar as ondas de calor, as mudanças de humor e todas as coisas que acompanham a menopausa. Isso foi um bónus enorme para mim”. “A minha qualidade de vida melhorou drasticamente”, acrescenta.
Os médicos já recorriam a um método semelhante para preservar a fertilidade de mulheres prestes a realizar um tratamento para o cancro. Richard Anderson, vice-diretor do Centro de Saúde Reprodutiva da Universidade de Edimburgo, realiza o congelamento de tecidos ovarianos há 25 anos. Segundo o próprio, trata-se de uma “velha notícia” a informação de que os transplantes podem restaurar os níveis hormonais, mas considera que “o que é menos claro é se esta é uma forma segura e eficaz de o fazer”.