Tudo começou com Bill Kaysing, um antigo funcionário da Rocketdyne, uma empresa que ajudou a desenvolver os motores do foguetão Saturn V. Kaysing saiu da empresa em 1963, seis anos antes da missão espacial Apollo 11. Contudo, sempre considerou ter informações para concluir que os Estados Unidos da América ainda não possuíam tecnologia suficientemente desenvolvida para levar o homem à Lua. Por esse motivo, em 1976, publicou o boletim: We Never Went to the Moon: America’s Thirty Billion Dollar Swindle (Nós Nunca Fomos À Lua: A Fraude Americana no valor de 30 Mil Milhões de Dólares), no qual explicava a sua teoria.
Entre os seus argumentos, estão estes: não ser possível ver estrelas nas fotografias, a ausência de uma cratera sob o solo onde aterraram e um outro com base nas sombras dos astronautas. Todos estes raciocinios foram desmentidos e esclarecidos por especialistas, no entanto, até à sua morte em 2005, Kaysing sempre afirmou que a missão espacial foi uma fraude.
“Está bem documentado que a Nasa era muitas vezes mal gerida e tinha um péssimo controlo de qualidade”, “a partir de 1969, poderíamos realizar expedições tripuladas, atrás de expedições tripuladas? Com sucesso total? É contra todas as probabilidades estatísticas”, afirmou à Wired em 1994.
O seu argumento não é completamente inválido, uma vez que em 1957 o programa espacial dos EUA ainda era praticamente inexistente. A Nasa só foi fundada em 1958 e conseguiu colocar Alan Shepard em órbita logo em maio de 1961. Em meados dos anos 60, a Nasa estava a consumir mais de 4% do PIB dos EUA, mas enquanto os soviéticos estavam a ver progressos – a primeira mulher no espaço (1963), a primeira caminhada espacial (1965) – os americanos sofreram vários retrocessos, incluindo um incêndio na rampa de lançamento que matou os três astronautas da Apollo 1.
Contudo, a teoria da falsa aterragem na lua só entrou na era moderna em 2001, quando a Fox News transmitiu um documentário chamado “Did We Land on the Moon? “(Será que aterrámos na lua?). “Por muitos anos, recusávamos responder a essas coisas. Não valia a pena alimentar uma audiência. Mas quando a Fox News divulgou o documentário – afirmando inequivocamente ‘Não chegámos à Lua’ – o nível de audiência aumentou. Começámos a receber todo o tipo de perguntas”, explica Launius, antigo funcionário da NASA.
Oliver Morton, o autor de A Lua: A História para o Futuro, acredita que a persistência da crença de que a aterragem na lua foi encenada não é surpreendente. “O objetivo de Apolo era mostrar o quão poderoso o governo americano era em termos de capacidade real para fazer as coisas”., “O objetivo da teoria da falsa aterragem é mostrar o quão poderoso o governo americano era em termos de fazer as pessoas acreditarem em coisas que não eram verdadeiras. Mas a narrativa falsa só foi realmente possível porque a Apolo [11] nunca levou a lado nenhum – não houve mais missões depois de 1972”, afirma.
Por outro lado, a URSS tinha os meios para expor os americanos na altura, porque esteve a ouvir durante o tempo todo. “Estávamos lá na base militar soviética 32103”, recordou recentemente o cosmonauta russo Alexei Leonov. “Juro por Deus que nos sentamos ali a fazer figas. Esperávamos que eles [os americanos] conseguissem. Queríamos que isso acontecesse. Conhecíamos aqueles que estavam a bordo e eles também nos conheciam”.
A força crescente da teoria é “uma das coisas que acontece quando o tempo retrocede e estes eventos se perdem”, lamenta Launius. “Já vimos isso com a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto. Muitas das testemunhas estão a morrer e é fácil para as pessoas negarem que isso aconteceu. Quem é deixado para neutralizar as coisas que não são verdadeiras? As mitologias desenvolvem-se e tornam-se o tema dominante”, explica.
Hoje em dia, a linha entre conspiração e entretenimento é cada vez mais ténue e a dinâmica da internet moderna claramente não ajuda: basta ver um vídeo da missão Apollo no Youtube e os longos documentários sobre a encenação da aterragem começam imediatamente a ser-lhe sugeridos.