Até ao momento, o recorde era de 44,1 ºC, durante uma onda de calor em 2003, que matou milhares de pessoas – incluindo em Portugal, quando foi atingido o recorde de 47,3ºC, na Amareleja. Por essa razão, numa entrevista na televisão francesa, Agnès Buzyn, ministra da Saúde, admitiu estar muito preocupada com o aumento das chamadas para os números dos serviços de emergência e alertou: “Toda a gente está em risco.”
As autoridades francesas estão a aconselhar que sejam evitados “comportamentos de risco”, como deixar crianças à espera dentro do carro ou realizar atividade física, ao ar livre, a meio do dia. Além disso, foram reforçadas as restrições à utilização da água para combater os efeitos da vaga de calor, e 4.000 escolas estão encerradas ou adotaram medidas especiais para receber os alunos. Já há relatos de mortes por gole de calor em Espanha.
A onda de calor está a bater recordes por toda a Europa, nomeadamente na Alemanha, na Polónia e na República Checa. Além disso, provocou o pior incêndio dos últimos vinte anos, na Catalunha, região com oito províncias em alerta vermelho. Também em Itália, o ministério da Saúde alertou para níveis de calor alarmantes em 16 cidades.
As famosas “ondas de calor” são períodos anormalmente quentes, pelo menos 5 graus mais quentes do que a média de temperaturas máximas, e duram pelo menos 3 dias. Apesar de estes fenómenos ocorrerem naturalmente, uma investigação do grupo World Weather Attribution concluiu que as temperaturas extremas eram provavelmente um efeito das atividades humanas, que contribuíram para as alterações climáticas. Segundo o mesmo estudo, caso a tendência perdure, prevê-se que as vagas de calor na Europa comecem a ocorrer de dois em dois anos até 2040, e as temperaturas podem ainda subir 3 a 5 graus até 2100.
Timothy Hewson, coordenador de uma equipa do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF) explicou à BBC que “as ondas de calor podem ser perigosas porque reduzem a capacidade do corpo humano de regular a sua própria temperatura, e mantê-la em níveis seguros”. Os efeitos das temperaturas extremas: a desidratação, a exaustão, a insolação, podem ter consequências fatais para qualquer pessoa. Mas são particularmente perigosos para quem sofre de doenças cardíacas, renais e respiratórias, bem como para os idosos e crianças.
De acordo com um estudo, na sequência da vaga de calor de 2003, foram registadas mais 70.000 mortes comparativamente com o ano anterior.