Jerome Kunkel, aluno da escola religiosa Our Lady of the Sacred Heart/Assumption Academy em Kentucky, nos EUA, lançou uma ação judicial contra o departamento de saúde local em protesto de uma medida de prevenção temporária que proibia os alunos não imunizados contra a varicela a frequentar aulas e atividades extracurriculares naquela escola. Dois meses depois, segundo o advogado, apanhou varicela.
O estudante do ensino secundário recusou ser vacinado em nome da sua fé religiosa, ao assumir que a vacina seria derivada de “fetos humanos abortados”, relata a WLWT. O advogado de Kunkel, Christopher Wiest, confirmou que o estudante contraiu varicela na semana passada e que já recuperou, tendo regressado às aulas na passada quarta-feira.
O Departamento de Saúde do Norte de Kentucky anunciou a medida em março, depois de um surto de varicela ter infetado 32 alunos da mesma escola. O departamento pediu a todos os que não estavam vacinados ou que não eram imunes à doença para ficarem em casa até 21 dias terem passado desde o último caso registado.
Foi a partir desse momento que Kunkel deixou de ir à escola e que decidiu processar o departamento de saúde. O principal motivo que o levou a agir foi o impacto que não ir à escola teria no seu desempenho durante a época escolar de basquetebol.
“O facto de não poder terminar o meu último ano de basquetebol (…) é muito devastador”, contou à CNN. “Passamos quatro anos no secundário a jogar basquetebol, mas esperamos sempre ansiosamente pelo último ano”, acrescenta.
Segundo o diretor da escola, nenhum dos membros da equipa de basquetebol estava vacinado contra a varicela, relata a Fox19, e apenas um total de 18% dos alunos tem todas as vacinas em dia, contou uma fonte escolar.
O advogado de Kunkel defende que a medida do departamento de saúde não é suficiente para prevenir o contágio de varicela e que a melhor maneira de pôr um fim à doença seria o de todos os alunos a apanharem naturalmente, ficando assim imunes.
O Departamento de Saúde do Norte de Kentucky comentou as afirmações de Wiest, afirmando que “encorajar a propagação de uma doença infeciosa aguda demonstra um caloso desprezo pela saúde e segurança de amigos, familiares, vizinhos e membros do publico em geral”. Mais, o departamento reforçou a importância da medida de prevenção, que deve dificultar o contágio da varicela a pessoas não imunes ao vírus. A ação judicial de Kunkel foi rejeitada pelo tribunal de Kentucky.
A varicela é uma doença altamente contagiosa muito comum na infância e uma pessoa poder infetar outra ainda antes de os sintomas da varicela se manifestarem. Os principais sintomas da doença são o aparecimento de manchas rosadas na pele que normalmente evoluem para bolhas cheias de líquido que formam crosta daí a uns dias e provocam comichão. Os sintomas podem ainda incluir febre, dores abdominais, falta de apetite, dores de cabeça e mal-estar geral. Em Portugal, a vacina contra a varicela está disponível mas não faz parte do Plano Nacional de Vacinação.
Segundo o Children’s Hospital of Philadelphia, várias vacinas – entre as quais a da varicela – foram criadas em 1960 a partir de células fibroblastos retiradas de embriões humanos. O processo terá envolvido a interrupção voluntária de duas gravidezes, para que os fibroblastos pudessem ser extraídos dos dois fetos e, aí, cultivados os vírus das vacinas. No entanto, estas mesmas células foram preservadas em laboratório até à atualidade, não tendo sido necessário recriar o procedimento com outros embriões.